Desde o início do ano morreram já nove mulheres assassinadas às mãos de namorados, maridos, ex-companheiros ou outros familiares. Feitas as contas, e em termos proporcionais, Portugal ultrapassa assim o número de crimes de violência doméstica registados no Brasil em igual período.
De acordo com o Jornal de Notícias, que avançou os números na sua edição desta terça-feira, morreram já nove mulheres desde o início de 2019, valor equivalente a um terço do número total de vítimas registado em todo o ano de 2018. Tendo em conta as estatísticas, 2019 arranca com “números preocupantes”.
No Brasil, e de acordo com um levantamento feito pelo professor Jefferson Nascimento, da Universidade de São Paulo, morreram 100 mulheres desde o início de 2019. O estudo, divulgado pelo portal Último Segundo e pela Globo, dá conta que a maioria dos casos ocorre ao fim de semana, frisando que os números demonstram uma tendência alarmante.
Fazendo as contas, e tendo em conta a população de cada país, morreram em Portugal 0,9 mulheres por milhão de habitante desde o início do ano, enquanto no Brasil morreram 0,5 mulheres por milhão de habitante – ou seja, Portugal registou quase o dobro de mortes em termos proporcionais e em período homólogo do que o Brasil.
País | Nº de Casos | População (M) | Casos por milhão |
Portugal | 9 | 10,3 | 0.8738 |
Brasil | 100 | 209,3 | 0.4778 |
Esta tendência parece replicar-se quando os números de Portugal comparados com os dos Estados Unidos. De acordo com Henrique Raposo, comentador da Rádio Renascença, “no contexto de violência doméstica, morrem mais mulheres per capita em Portugal do que nos Estados Unidos”, revelou.
“Acho que só muda quando, nós, portugueses, revisitarmos as narrativas que temos sobre nós”, apontou o comentador, acrescentando que “Portugal não é de brandos costumes, não somos um povo especial, mais brando e mais doce do que os outros”.
“Há uma situação de terrorismo doméstico no país. Morrem mais mulheres de terrorismo doméstico em Portugal do que terrorismo”, notou Elisabete Brasil, da associação União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), fazendo uma leitura destes números ao jornal i.
O último Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), publicado em março do ano passado, revelou que em 2017 apenas 15% das queixas de violência doméstica estiveram-se numa acusação junto do Ministério Público. Os restantes 85% dos casos não chegaram aos tribunais devido a arquivamento ou outro qualquer motivo.
Segundo o mesmo documento, em 2017 foram registadas pelas forças de segurança 26.713 participações por violência doméstica, das quais 22.599 foram contra cônjuge ou análogos. O relatório mostra ainda que nesse ano foram efetuadas cerca de 27 mil avaliações de risco e mais de 20 mil reavaliações.
Relativamente ao nível do risco atribuído na avaliação inicial, lê-se, 22% dos casos foram classificados de risco elevado, 51% de risco médio e 27% de risco baixo.
Então, mas andamos a brincar àqueles gajos qué apedrejam as mulheres da burka?
Estamos a evoluir em todas as direcções!
Esta notícia parece-me falha!
Estou a viver no Brasil e tem o que eles chamam de Feminicídio.
TODOS os dias morrem VARIAS mulheres pelas mãos dos companheiros. Tanto que têm varias campanhas em andamento para denuncia etc.
Não sei onde foram buscar essas vossas estatísticas mas eu duvido que estejam correctas.
Vi ali em cima… 100 casos no Brasil… isso deve ser a estatística de duas semanas, não acredito que seja sequer de um mês!!
Caro leitor,
A nossa notícia refere com clareza que os dados foram obtidos após “um levantamento feito pelo professor Jefferson Nascimento, da Universidade de São Paulo”, e divulgados pelo portal Último Segundo e pela Globo.
Portanto, quando diz que “não sabe onde fomos buscar essas vossas estatísticas”, é porque está a comentar sem ter lido a notícia, ou porque leu a frase acima e não a percebeu?
E se lhe “parece falha” a notícia, e “não acredita” nos dados, pode indicar uma fonte que nos possa então a nós “parecer” menos falha do que a nossa fonte, e em que possamos “acreditar” mais do que na nossa fonte?
Ou na realidade pressupõe que nós e os nossos leitores devemos “acreditar” mais naquilo em que acredita o senhor, e no que lhe parece a si, do que nas fontes que consultámos?