Maria Bertoletti Toldini foi decapitada na localidade italiana de Brentonico em 1716, condenada à morte por bruxaria. Volvidos quase 300 anos, vai ter direito a um novo julgamento porque, afinal, era inocente.
Foi o que decidiu a Assembleia Municipal de Brentonico, localidade da Província de Trento, no Norte de Itália.
O movimento para “limpar” o nome desta mulher é liderado por Quinto Canali, vereador da Cultura local, que confessa que se lembrou da importância de dar um novo julgamento a Maria Bertoletti Toldini depois de ter visto uma peça de teatro “terrível”, relatando a sua história de forma pouco humana.
A mulher, uma viúva de 60 anos, sem filhos, que tinha voltado a casar quando foi detida por bruxaria, foi considerada culpada pela morte de múltiplas crianças, nomeadamente de uma de 5 anos que teria atirado para um pote de queijo a ferver. Foi ainda condenada por ter tornado a terra estéril, por ter danificado uma vinha, por blasfémia e heresia.
Maria Bertoletti Toldini foi uma das milhares de vítimas, maioritariamente mulheres, que foram mortas por bruxaria entre o fim do século XV e o início do século XVIII.
E, por isso mesmo, há muitos historiadores e investigadores que acreditam que a repetição do seu julgamento, visando inocentá-la aos olhos da História, não faz sentido nenhum.
Uma ideia que Quinto Canali contraria, justificando que a realização de um novo julgamento, perante um juiz real num verdadeiro tribunal de recurso, será fundamental para “limpar” um período tão trágico da História da Europa.
“Se vemos na nossa História que houve algo de errado contra a Humanidade, temos que o saber e dizer que esta história está errada. É importante agora como era importante há 100 anos e será importante daqui a outros 100 anos. Houve um homicídio que não foi justificado, que não deveria ter acontecido. Mataram uma pessoa com motivações que não existiam. Ela era inocente”, constata o vereador citado pelo The Guardian.
O presidente da Câmara de Brentonico, Christian Perenzoni, assume que surgiram algumas dúvidas quanto à importância do caso, mas justifica a aceitação pelos poucos custos envolvidos na repetição do julgamento e pelo “valor simbólico” do acto.
“Esta foi uma injustiça histórica contra as mulheres – também na tragédia Grega vemos que elas enfrentam sempre a injustiça, tal como hoje, de diferentes formas”, sublinha o autarca citado pelo mesmo jornal.
ZAP
Depois de burro morto,cevada ao rabo…
Seja feita justiça ! Qts cabeças tinha ela ? 🙂
Uma noticia que bem assentava num caso à portuguesa.