Muitos portugueses “fugiram” antes das restrições da Páscoa. Estudo alerta para quarta vaga em Maio

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Manuel de Almeida / Lusa

Cerca de 11% da população viajou na quinta-feira para longe de casa, antes de entrarem em vigor as restrições para o período da Páscoa. Uma “fuga” que envolve “mais de 1 milhão de portugueses” numa altura em que um estudo alerta que “é muito fácil termos uma quarta vaga” já em Maio.

Com o ritmo actual de vacinação e com as medidas de desconfinamento gradual que preveem o regresso dos estudantes do Secundário às aulas presenciais já em Abril, há um sério risco de termos uma quarta vaga da pandemia de covid-19 em Maio.

O aviso surge num estudo feito por investigadores portugueses e holandeses que é divulgado pelo Nascer do Sol.

“Pensa-se que a abertura das escolas foi o principal indutor das alterações observadas no Outono de 2020, embora o aumento da socialização em espaços fechados associada ao tempo também terá tido um papel”, vinca o estudo.

“Se o relaxamento de medidas planeado para Abril de 2021 incluir a reabertura total das escolas depois da Páscoa e retoma do serviço interior nos restaurantes e bares, é bastante provável que o número de contactos médios na população atinja níveis semelhantes aos do Outono. Como consequência, poderá haver uma nova vaga de hospitalizações“, alertam os investigadores.

O estudo aponta assim que “um desconfinamento demasiado rápido, não sendo acompanhado por um processo de vacinação muito mais rápido do que aquele que tivemos até agora”, pode “levar a uma quarta vaga”, como refere o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, co-autor da investigação, em declarações ao Nascer do Sol.

“A menos que acelerássemos agora muito o processo de vacinação ou que façamos um desconfinamento com muitos cuidados e avaliando muito bem a situação a cada momento, esse risco existe”, aponta ainda o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

“Quem propaga o vírus é a população não vacinada”

Nesta semana, o RT atingiu o valor de 1,02 depois de ter estado nos 0,93 na semana de entre 17 a 21 de Março. Portanto, já há um crescimento da pandemia e é preciso considerar a expansão da variante inglesa, muito mais transmissível e já dominante no país.

“Temos uma maior protecção dos hospitais, mas as pessoas onde a vacinação incidiu não são os motores da epidemia. Quem propaga o vírus é a população activa, que não está vacinada”, alerta ainda Manuel Carmo Gomes.

O estudo mostra que “estamos numa situação que ainda não é segura, é frágil” e que “é muito fácil termos uma quarta vaga“, acrescenta o epidemiologista.

De acordo com o modelo apresentado no estudo, o aparecimento desta quarta vaga em Maio implicará que só ficará controlada por volta de 29 de Junho.

Acelerar a vacinação seria uma boa solução e o primeiro-ministro António Costa já prometeu que, em Abril, Portugal vai “triplicar o esforço de administração de vacinas”, com a inoculação de, pelo menos, 100 mil pessoas por dia.

Mas os investigadores lembram o atraso na entrega das vacinas e notam que a aspiração de acelerar o processo pode não ser viável.

Por outro lado, há também as dúvidas quanto ao tempo de protecção da infecção conferido pela vacina ou à sua eficácia na transmissão do vírus. Além disso, é preciso considerar outras variantes ainda pouco conhecidas.

Assim, sugerem que manter “algumas limitações nas actividades interiores e aulas online para alunos do Secundário pode ajudar a replicar a média de contactos do Verão de 2020, compensando a abertura das escolas” e permitindo um maior controle da pandemia.

O Governo vai reavaliar as medidas de desconfinamento na próxima semana, considerando os números e a evolução da pandemia.

“Mais de 1 milhão de portugueses dormiram fora de casa”

Com estes receios em mente, surgem dados preocupantes quanto à mobilidade dos portugueses antes da Páscoa – até considerando o que aconteceu com a reabertura do Natal que terá contribuído para o aparecimento da terceira vaga da pandemia em Janeiro deste ano.

Uma análise feita pela consultora PSE, que é especializada em ciências de dados, constata que 10,7% dos portugueses passaram a noite de quinta-feira, 25 de Março, a mais de 100 quilómetros da sua residência, conforme dados divulgados pelo Público e pela TSF.

Uma debandada que é associada à entrada em vigor das restrições de mobilidade para o período da Páscoa, nomeadamente da proibição de circular entre concelhos entre a meia-noite de 26 de Março e as 23:59 horas de 5 de Abril.

Mais de 1 milhão de portugueses dormiram na última noite fora de casa, ou seja, mais cerca de 400 mil que nos dias anteriores”, conclui o estudo da PSE como refere a TSF.

“Houve efectivamente um aumento estatisticamente significativo, mesmo que ainda aquém da normalidade pré-pandemia, das deslocações para passar dormidas e estadias fora da área de residência, numa subida de mais de 50% na comparação com o valor médio que costumamos ter ao longo da semana”, refere à TSF o especialista em mobilidade da PSE, Nuno Santos.

Os números da mobilidade rondam os 6,9% em dias anteriores.

“A população que circulou circulou muito mais, fazendo mais deslocações e perdendo mais tempo em deslocações”, aponta ainda Nuno Santos.

Susana Valente, ZAP //

31 Comments

  1. Na próxima os portugueses deixam o smartphone em casa e fogem na mesma e já não há quinta vaga.
    Este estudos são baseados nas informações que as operadoras de telecomunicações informam eles, pois de outra maneira seria impossível.

  2. Pois andam a vacinar pessoas novas que não estão no ativo, e deixam de fora os trabalhadores, quem é que manda nisto? são os médicos que mandam vacinar os amigos? ou como é que isto funciona?

  3. Sr; Manuel Carmo Gomes. Saiba que quem propaga o Virus, somos nós todos; Vacinados ou não. Uma Pessoa Vacinada estará mais protegida das consequências Virais, mas continuará a ser un factor de transmissibilidade para a Comunidade. A ideia de 100% das Populações Mundiais estarem todas Vacinadas é totalmente utópico. Basta ter en conta as baixas que a Gripe Influenza provoca Anualmente; e no entanto trata-se de uma Vacina largamente administrada a grande maioria da População. Pessoalmente Vacino-me todos os Anos, mas posso na mesma ser un agente de transmissão do Virus. Portanto, a Vacinação é importante, nesse ponto não o critico, mas a realidade foi, é e será, e culpar desta forma é FEIO !

      • E o senhor acha que isto é bricadeira? Sabe que estamos a falar de vidas humanas? Por favor, não brique com coisas sérias…

      • Estranho, pensava que antes do covid eramos todos imortais. usa preservativo para ir às “meninas”? Controla as calorias da sua família para prevenir o aparecimento de diabetes? Já foi responsável por algum aborto?

      • ???????
        Importa-se de elaborar o seu comentário? É que não faz qualquer sentido se fôr relacionado com o meu comentário. Talvez se tenha enganado e respondeu no sítio errado…

    • Bem visto! Certamente existirão tantas vagas quantas os governos quiserem. E com as multas a proliferar é bom que haja muitas vagas… A culpa é sempre do Zé Povinho que se anda a portar mal… Por isso mais taxas, mais impostos, mais multas, e tudo quanto sirva para sacar umas massas do bolso do Zé. Preparem-se para a clandestinidade… Um novo 25 de abril chegará!!

  4. Alguém me pode explicar se, no atual estado de emergência de confinamento, com o dever de permanência obrigatório em casa, é permitido pelas várias exceções, deslocações para férias a 700 kms de distância? Está tudo grosso ou quê? Independentemente da proibição ao fim de semana para deslocações fora do concelho, à semana também só nos podemos deslocar com motivo válido. Na segunda feira tive que ir ao Porto, e numa operação stop, tive que inventar uma desculpa esfarrapada para justificar a minha ausência de 70 kms do meu domicílio, que por acaso pegou. E esta gente vai de férias para o Algarve na boa, descontraídos, só porque se acham na legalidade em deslocarem-se um dia antes da proibição de deslocações entre concelhos? Ainda por cima com a maior desfaçatez, dão entrevistas às televisões? Que fazem as autoridades?

    • Para além do que escreveu… Nunca se perguntou a lógica de ter os cabeleireiros abertos, associado ao dever de permanência em casa? Se eu devo ficar em casa, como consigo ir ao cabeleireiro? E… Será o cabeleireiro essencial para eu viver?

      • Não será mas as clientes são essenciais para que os cabeleireiros vivam. Não podem estar em teletrabalho, têm contas a pagar.
        As pessoas andam deprimidas e quando arranjam o cabelo, eleva lhes a auto-estima, logo sentem se mais animadas, isto no caso de senhoras que se cuidam.

    • Sr. Sousa dr: bom bom teria sido na segunda feira a GNR espetar-lhe com uma “multa” de 500 euros! E assim já não estava agora a ganhar-se da desculpa ter pegado!! Não foi de férias para o Algarve, porquê?? Foi por causa do respeito pela lei, ou terá sido pelo respeita à carteira? Acho muito bem que se saia de casa, aliás deveríamos sair todos de casa para mostrar ao Marcelo e ao Costa que não queremos viver numa ditadura! Ou será que há pessoas com saudades da ditadura?? Para esses há uma boa solução, emigrar para a Coreia do Norte ou para Cuba! Foi par isto que se fez o 25 de abril??

  5. É pedir os cartões de identificação a quem anda a passear em Albufeira, Vilamoura, Quarteira, Portimão… O Estado devia fazer isso. Os cumpridores não podem ser sistematicamente penalizados pelo incumprimento dos outros.

  6. Se isto fosse um país de igualdades, gostava de ver a polícia a multar e a obrigar a regressar a casa, sempre que apanhasse alguém “de férias” fora da sua área de residência habitual e sem justificação válida para tal.

  7. É admirável como o gosto pela igualdade pode levar as pessoas a suspirar por um Estado policial. Todos vigiados mas ao menos os prevaricadores são castigados. E é assim que vivemos.

  8. Muitos estão hipnotizados por veres os canais diários de noticias sobre necrologia e depois ate gostavam de viver numa ditadura, o melhor a fazer será acordarem desta vida em que ainda estão a dormir…

  9. … ok a ser verdade (o que duvido) é idiota, mas a questão que coloco aqui é precisamente onde raio vão buscar estas informações tão precisas em menos de 48h, é que mesmo que seja pelas operadoras, conseguir informações de mobilidade de mais de um milhão de pessoas (partindo do principio que “adivinham”quais foram de férias) sem suporte jurídico, nem autorização destas, parece-me ficção, e a não ser, parece-me tão grave ou mais que o problema da fuga ao confinamento.
    Como tal fui investigar e descobri esta pérola (que deveria estar mencionada nesta notícia também):
    “O estudo da PSE resulta de uma recolha de dados contínua (24 horas por dia) através da monitorização de localização e meios de deslocação, com recurso a uma aplicação móvel, de um painel de 4992 indivíduos representativos da população com mais de 15 anos”
    Ou seja… a única coisa sabem (na melhor das hipóteses) é que 550 indivíduos com esta aplicação se piraram de casa na 5ªfeira ( o que já é mau) o resto é pura especulação para aparecer nas notícias.

  10. Por outro lado, a concentração de pessoas nas cidades em atividades de lazer também tem os seus riscos. Se pudessem ir para o exterior em turismo rural ou segundas habitações, etc. Talvez não fosse prejudicial.

  11. Bem visto! Certamente existirão tantas vagas quantas os governos quiserem. E com as multas a proliferar é bom que haja muitas vagas… A culpa é sempre do Zé Povinho que se anda a portar mal… Por isso mais taxas, mais impostos, mais multas, e tudo quanto sirva para sacar umas massas do bolso do Zé. Preparem-se para a clandestinidade… Um novo 25 de abril chegará!!

  12. O ser humano é cheio de contradições… Quando alguém circula na estrada e constata que existe uma fiscalização, não falta quem comece logo a fazer sinal de luzes para os veículos que circulam em sentido contrário. Mas, quando alguém é apanhado por um qualquer irregularidade começam logo a dizer “bem feito foste f*#ido!! É assim, é só mesquinhez!! Está contente com a prisão domiciliária imposta pelos seus amigos Costa e Marcelo?? Já sei, também queria uma pulseira na perna… Já não falta muito!! Deixem-se estar assim quietinhos, caladinhos… quando acordarem já será tarde!!

    • Creio que seguidamente me vai insultar ou outra coisa qualquer, mas Sr. Zumba, sabe realmente o que é um vírus, sabe realmente o que representa dominá-lo? (leia-se proteger e salvar as pessoas), ou apenas lê as informações das redes sociais, que como informações válidas na sua maioria nada valem.
      Não sou amante das politicas do Sr. Costa ou do Sr. Marcelo, mas conheço pelo menos 3 negacionistas que depois de contraírem a doença, são s primeiros a avisar e criticar quem se não defende e coloca ou demais em perigo.
      Por favor leia as INFORMAÇÕES e revistas realmente cientificas, fale com médicos e enfermeiros que “sentem na pele” os resultados do negacionismo, e talvez compreenda que ir para o Algarve, na actual situação, é de facto um abuso contra os demais.
      Talvez fosse bom pensar nos seus conterrâneos portugueses que estão a viver demasiadamente mal em consequência desta epidemia.
      O Sr. Não pensa que, caso a epidemia fosse uma invenção teria de ter a aprovação de todos os governos mundiais?
      TODOS. acha isso possível??
      Mantenha-se saudável, é o que lhe desejo.

  13. Sr. Sousa dr: bom bom teria sido na segunda feira a GNR espetar-lhe com uma “multa” de 500 euros! E assim já não estava agora a ganhar-se da desculpa ter pegado!! Não foi de férias para o Algarve, porquê?? Foi por causa do respeito pela lei, ou terá sido pelo respeita à carteira? Acho muito bem que se saia de casa, aliás deveríamos sair todos de casa para mostrar ao Marcelo e ao Costa que não queremos viver numa ditadura! Ou será que há pessoas com saudades da ditadura?? Para esses há uma boa solução, emigrar para a Coreia do Norte ou para Cuba! Foi par isto que se fez o 25 de abril??

  14. 07/04/2012
     Quem no universo ou galáxia quererá visitar ou coabitar o planete azul, sabendo e/ou conhecendo que este é habitado por uma espécie dominante e pensante, perverso e corrupto??
    Por cada poro do planete, respira-se um ambiente de iniquidade, desconfiança, mentira e injustiça, vivemos num mundo de tentações, promessas, desconfiança e falsidade…

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