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Muitos animais “contam” e isso ajuda-os a sobreviver

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Andreas Nieder

Muitos animais têm algo conhecido como competência numérica – a capacidade de processar e representar números. Este traço ajuda-os em vários aspetos da sua vida, nomeadamente na sobrevivência.

Os animais não podem literalmente contar, mas podem entender o que é mais e o que é menos. Os investigadores acreditam que esta capacidade de processar e representar números, conhecida como competência numérica, desempenha um papel importante na maneira como os animais tomam decisões e influencia a probabilidade de sobrevivência.

Numa análise publicada esta semana na revista científica Trends in Ecology and Evolution, Andreas Nieder, explora como as diferentes espécies animais entendem os números e o impacto que isto tem na sua sobrevivência.

“Curiosamente, agora sabemos que a competência numérica está presente em quase todos os ramos da vida animal”, explica Nieder, que trabalha com espécies diferentes para explorar como os animais treinados distinguem e representam números, bem como é que os números são representados no cérebro.

“Diferentes grupos de animais obviamente desenvolveram este traço independentemente de outras linhagens e isso indica fortemente que ele deve ter um valor adaptativo. Portanto, a capacidade de distinguir números deve ter um grande benefício de sobrevivência e reprodução”, acrescenta Nieder.

As abelhas, por exemplo, conseguem lembrar-se do número de pontos de referência que passam quando procuram comida para encontrar o caminho de volta à colmeia.

“O último ancestral comum entre as abelhas e os primatas americanos viveu há cerca de 600 milhões de anos”, explica o autor. “Mas ainda assim, desenvolveram uma competência numérica que é, de muitas maneiras, comparável à competência numérica dos vertebrados”.

Outro caso é o dos lobos, em que é mais provável que cacem com sucesso se tiverem o número correto de lobos na sua matilha tendo em conta o tamanho da presa. Com presas como alces, são necessários apenas seis a oito lobos, enquanto a caça ao bisonte exige grupos de nove a treze.

“Obviamente, eles estão a avaliar o número de indivíduos nos seus grupos para as situações quotidianas”, salienta o investigador, citado pela Europa Press. Além disso, a competência numérica também se revela útil na atração de um parceiro sexual.

Apesar dos vários exemplos que existem, este tema não foi objeto de muitos estudos. “Muitas destas descobertas comportamentais na natureza geralmente foram recolhidas como subprodutos ou descobertas acidentais de outras questões de investigação”, lamenta Nieder.

O cientista argumenta que são necessários mais estudos para entender completamente as pressões seletivas e os benefícios da aptidão física da competição numérica.

ZAP //

8 Comments

  1. Sou brasileira, mas creio que a palavra “cacem”, na frase “provável que caçem”, se escreva da mesma maneira, tanto no português de Portugal quanto no português do Brasil. Sugiro cordialmente a correção.

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