As mortes nas estradas portuguesas atingiram os piores resultados em mais de duas décadas. As vítimas mortais na sequência de acidentes rodoviários aumentaram pelo segundo ano consecutivo.
Segundo o Jornal de Notícias, é preciso recuar até 1996 para se encontrar dois anos seguidos com uma subida do número de mortes. Em 2018, pelo menos 512 pessoas morreram nas estradas portuguesas.
Apesar do ano negro nas estradas portuguesas, medidas como a redução da velocidade nas localidades, inspeções obrigatórias para motociclos e o controlo do uso de telemóveis ao volante, que o Governo anunciou há quase um ano, após a reunião da Comissão Interministerial para a Segurança Rodoviária, no âmbito do Plano Estratégico Nacional de Segurança Rodoviária (PENSE 2020), ainda não saíram do papel.
Neste plano, a meta prevista era chegar a 2020 com 399 mortes nos 30 dias após o acidente, mas os números continuam a ser muito superiores. Em 2017, no prazo dos 30 dias, registaram-se 602 vítimas mortais nas estradas.
Ao JN, João Queiroz, presidente da Associação Estrada Mais Segura, refere que “temos tido planos e estratégias, mas a passagem do papel para a realidade é uma parte do problema”.
Além disso, destaca, o aumento da sinistralidade rodoviária verificou-se também com a diminuição dos efeitos da crise económica. “Nos anos da crise, houve menos pessoas na estrada, velocidades mais moderadas e menos jovens a comprar carro. Agora que existe a perceção de que a crise acabou, o efeito deixa de se sentir.”
João Miguel Trigoso, presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, dá exemplos de medidas que precisam de ser implementadas, como a promoção de campanhas que levem os peões e condutores a alterar os comportamentos e uma fiscalização mais eficaz e que garanta punições gravosas o suficiente para convencer os portugueses de que a lei é para ser cumprida.
No final de 2018, a Guarda Nacional Republicana fez um último balanço da Operação “Ano Novo” e registou oito mortos e 18 feridos nas estradas portuguesas desde o dia 28 de dezembro.