O presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, morreu este domingo, aos 74 anos, em Lisboa, anunciou o organismo olímpico, durante a cerimónia de encerramento dos Jogos Paris2024.
Morreu este domingo, num hospital em Lisboa, após três dias de internamento, o presidente do COP, José Manuel Constantino, depois de ter acompanhado a que foi este ano em Paris a melhor representação de sempre de Portugal em Jogos Olímpicos.
“Faleceu este domingo o presidente do COP, José Manuel Constantino. É com grande pesar que o COP partilha esta notícia, num dia de grande tristeza para a sua família e amigos, e para o desporto português”, lê-se no site do COP.
“O nosso Presidente há muito lutava contra a doença e foi-nos dando ano após ano, dia após dia, exemplos de grande tenacidade na liderança da organização. A todos os familiares e amigos apresentamos sentidas condolências”, acrescenta a nota do COP.
José Manuel Constantino presidia ao COP desde 26 de março de 2013, quando sucedeu a Vicente Moura, no auge da sua experiência no dirigismo desportivo, após liderar o Instituto de Desporto de Portugal, antecessor do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), e a Confederação de Desporto de Portugal.
Nascido em Santarém, em 21 de maio de 1950, foi o primeiro licenciado em Educação Física (1975) a presidir ao COP, depois de uma vasta experiência na docência, tanto no ensino universitário (1994-2002), como no ensino básico, no início da carreira (1973-1986).
Com vários livros e inúmeros artigos publicados sobre desporto, era um dos grandes pensadores sobre o fenómeno em Portugal, algo que foi reconhecido com os títulos de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto, em 2016, e pela Universidade de Lisboa, em 2023.
Tinha como objetivo para as olimpíadas de Paris2024 igualar Tóquio2020, mas a Missão portuguesa, apesar de ter a delegação mais pequena desde Sydney2000, com 73 atletas, foi mais além, graças a um jovem ciclista de Viana do Castelo: Portugal saiu da capital francesa com os melhores resultados olímpicos de sempre.
Tal como em Tóquio2020, Portugal conquistou quatro medalhas, mas mais valiosas, com o ouro no madison, por Rui Oliveira e Iúri Leitão, prata também no omnium, ambas no ciclismo de pista, a prata de Pichardo no triplo salto e o bronze de Patrícia Sampaio no judo.
O ciclista Iuri Leitão e a judoca Patrícia Sampaio foram os porta-estandartes da representação portuguesa na cerimónia oficial de encerramento dos Jogos Olímpicos de Paris2024, que decorreu este domingo no Stade de France, em Paris.
Ao seu lado, estiveram mais 17 atletas, entre os quais outro dos medalhados, o também ciclista Rui Oliveira, faltando apenas Pedro Pichardo.
Fatoumata Diallo, Francisco Belo, Jéssica Inchude, Leandro Ramos, Liliana Cá, Samuel Barata, Susana Santos, Tiago Pereira (atletismo), Vanessa Marina (breaking), Fernando Pimenta, João Ribeiro, Messias Baptista, Teresa Portela (canoagem), Maria Martins (ciclismo de pista), Angélica André (natação) e Teresa Bonvalot (surf) são os restantes atletas presentes.
Dos 19 atletas, apenas Teresa Bonvalot ainda não tinha estado em Paris, uma vez que as provas de surf decorram em Teahupo’o, na Polinésia Francesa.
Federações manifestam pesar
As federações portuguesas de atletismo, canoagem, ciclismo, ginástica, natação, andebol, triatlo e ténis de mesa expressaram pesar pelo falecimento de José Manuel Constantino.
“Teve um papel relevante no desenvolvimento do desporto nacional e, ultimamente, liderando o COP, no desenvolvimento do ideal olímpico e dos seus valores”, elogiou o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, Jorge Vieira.
Já a Federação Portuguesa de Canoagem, através do presidente Vítor Félix, garante que o desporto luso “fica mais pobre”: “Depois de tanto resistir à doença, quis o destino que partisse no fim dos Jogos Olímpicos de Paris”.
“Caro amigo presidente, terminou a missão! E terminou bem, como a melhor participação Olímpica de sempre. Uma referência pessoal para mim, grande amigo, conselheiro, confidente, prometemos continuar a lutar aqui por si pelos ideais do Desporto e pelo seu reconhecimento social e político”, acrescentou Vítor Félix, despedindo-se com um “até sempre amigo professor!”
A Federação Portuguesa de Ciclismo destaca a “sincera consternação” com que tomou conhecimento da notícia: “O dia de encerramento dos Jogos Olímpicos é de profunda tristeza para o desporto português, que perde uma das vozes mais lúcidas na defesa da relevância social do desporto”.
O organismo velocipédico endereça, assim, “as mais sentidas condolências aos familiares, amigos e a toda a família olímpica portuguesa”.
“Um Senhor que defendeu intrepidamente a evolução do desporto em Portugal. À família, amigos e a toda a comunidade desportiva, as nossas mais sentidas condolências”, comunicou a Federão de Ginástica de Portugal (FGP).
A federação de natação publicou uma mensagem mais singela, apresentando “sinceras condolências” à família, amigos e COP.
Já a Federação Portuguesa de Ténis de Mesa (FPTM) manifestou o seu “profundo pesar” pelo acontecimento, recordando o percurso do dirigente e apresentando “condolências” a todos os que lhe são próximos.
Miguel Laranjeiro, presidente da Federação de Andebol de Portugal (FAP) diz que “Portugal e o desporto nacional ficam definitivamente mais pobres”, assegurando que Constantino ficará “sempre na memória” de com quem ele privou e que o sucesso de Portugal em Paris2024 muito se deve ao ex-dirigente.
“Era um profundo conhecedor e pensador do desporto a nível nacional e internacional. Defendeu a diversidade desportiva e o olimpismo como poucos. Estava do lado certo”, vincou Laranjeiro.
A Federação de Triatlo de Portugal (FTP), através do seu presidente Sérgio Dias, entende que o desporto português “perdeu um dos seus maiores apaixonados, o país vê partir um homem que amava a causa pública, e o triatlo tem, a partir de hoje, menos um grande amigo”.
ZAP // Lusa