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Morreu o economista Miguel Beleza

Tiago Petinga / Lusa

Foto de arquivo de 2012 do ex-governador do Banco de Portugal e antigo ministro das Finanças, Miguel Beleza.

Foto de arquivo de 2012 do ex-governador do Banco de Portugal e antigo ministro das Finanças, Miguel Beleza.

O economista Miguel Beleza, ministro das Finanças do XI Governo Constitucional liderado por Cavaco Silva, morreu esta quinta-feira em Lisboa aos 67 anos, disse à Lusa fonte próxima da família.

De acordo com a mesma fonte, Miguel Beleza foi vítima de paragem cardiorrespiratória.

Economista licenciado pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa, nasceu em Coimbra, a 28 de abril de 1950. Em 1990/1991, foi ministro das Finanças do XI Governo Constitucional, que abandonou por divergências “pontuais” com Cavaco Silva.

Enquanto esteve à frente da pasta das Finanças, Miguel Beleza impulsionou a criação da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e colaborou no processo de adesão de Portugal à União Económica e Monetária.

Era irmão de Leonor Beleza, ex-ministra da Saúde e presidente da Fundação Champalimaud, da juíza Teresa Pizarro Beleza e do antigo dirigente social-democrata José Manuel Beleza.

O seu percurso profissional começou no Banco de Portugal, como técnico assessor e técnico consultor, entre 1979 e 1987, onde integrou o Gabinete de Estudos Económicos, estrutura na altura dirigida por Cavaco Silva. Foi então para o FMI, onde se ocupou das relações de Portugal e Espanha com esta instituição, entre 1984 e 1987.

Miguel Beleza foi também administrador do Banco de Portugal, a convite de Cavaco Silva, na altura primeiro-ministro, entre 1987 e 1990 e, posteriormente, governador, entre 1992 e 1994, sucedendo no cargo a Tavares Moreira.

Como Governador do Banco de Portugal, geriu a desvalorização do escudo durante as perturbações cambiais de 1992 a 1993, causada pela agitação dos mercados financeiros, que se refletiu no Sistema Monetário Europeu.

Em junho de 1994 demitiu-se do cargo por conflitos com o então ministro das Finanças, Jorge Braga de Macedo, e em 2009 integrou, como membro, o Conselho Consultivo do Banco de Portugal.

A sua carreira granjeou-lhe algumas condecorações, tendo sido agraciado a 22 de agosto de 1991 com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul do Brasil, a 09 de junho de 1995 com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito e a 28 de junho de 2005 com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Conhecido pelo sarcasmo, num noticiário em que era apresentado como economista, professor catedrático, antigo governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças, comentou: “Isso não é currículo, é cadastro”.

ZAP // Lusa

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