O fundador do jornal Tempo, Nuno Rocha, morreu esta terça-feira, aos 83 anos, no Hospital de Cascais, onde estava internado desde sexta-feira na sequência de uma pneumonia, disseram à Lusa fontes da família do jornalista.
O velório será a partir das 17:00 de quarta-feira e a missa está marcada para as 10:30 de quinta-feira, ambos na igreja de Santo António do Estoril, em Cascais.
Nuno Rocha foi fundador do Tempo em 29 de maio 1975, semanário que dirigiu durante 14 anos e por onde passaram jornalistas como Paulo Portas, ex-líder do CDS-PP, ou Vera Lagoa, que em 1976 funda O Diabo.
Em 1979, fundou também o Correio da Manhã, juntamente com Vítor Direito, primeiro diretor do matutino, e Carlos Barbosa, hoje presidente do Automóvel Club de Portugal.
Com uma linha editorial assumidamente de cariz político e associado às ideias da Direita portuguesa, rivalizava directamente com O Jornal e o Expresso, procurando contrariar a orientação mais esquerdista da generalidade dos jornais da altura.
O jornalista foi presidente da Associação de Jornalistas Europeus, dirigente do Sindicato Nacional dos Jornalistas e da Casa da Imprensa e foi galardoado em 2000 com o prémio World Press Freedom Hero pelo IPI – International Press Institute, por promover a liberdade de imprensa.
Nuno Rocha nasceu no Porto em 13 de fevereiro de 1933.
Estreou-se no jornalismo desportivo, passando depois pelo O Primeiro de Janeiro, Diário Ilustrado, Diário de Lisboa, onde dirigiu as edições de domingo, e pelo Diário Popular.
Publicou vários livros, como “Guerra em Moçambique”, “França Emigração Dolorosa”, “Memórias de uma Revolução” e “Timor-Timur”, tendo sido também professor de jornalismo em Portugal e Espanha.
Em 1967 inscreveu-se no grupo de reflexão Associação para o Desenvolvimento Económico e Social -SEDES, tornando-se um dos seus primeiros membros.
Quando tentava fundar o Tempo, foi preso a 13 de abril de 1975, em casa, por membros do COPCON – Comando Operacional do Continente, tendo ficado detido durante 17 horas em Caxias.
Em 1995, aderiu ao PSD, uma intenção que tinha há já algum tempo, revelou o próprio à agência Lusa na altura.
Atualmente estava reformado e dedicava-se a escrever uma obra que iria chamar-se “Biografia Política – Cartas Abertas”.
ZAP / Lusa