Ben Ali, ex-presidente da Tunísia que foi deposto em 2011 pela revolução que inspirou a Primavera Árabe, morreu esta quinta-feira na Arábia Saudita, avançou o advogado da família. Tinha 83 anos.
“Ben Ali acabou de morrer na Arábia Saudita”, disse o advogado Mounir Ben Salha à agência Reuters.
Ben Ali nasceu em 1936 na que era a Tunísia francesa. Chefe de Estado entre 1987 e 2011, depois de ter sido primeiro-ministro durante uns meses, assumiu a presidência na sequência de um golpe contra o então ocupante do cargo, Habib Bourguiba.
Ben Ali chegou ao poder através de um chamado “golpe de Estado médico – convenceu os médicos a declarar que o presidente Habib Bourguiba estava senil e incapaz de governar.
Desde a revolução que o destituiu, Ben Ali vivia exilado na Arábia Saudita, acusado pelo novo Governo tunisino de branqueamento de capitais e narcotráfico. Foi condenado à revelia a 35 anos de cadeia, bem como a sua mulher, Leila. Ben Ali foi em seguida condenado a prisão perpétua, num tribunal militar, por incentivo à violência e assassínio.
Chegava ao fim um longo reinado em que o ditador era reeleito sucessivamente com esmagadoras maiorias. Ben Ali caiu após um mês de manifestações populares, suscitadas pelo suicídio por autoimolação de um vendedor ambulante constantemente assediado pela polícia.
A Tunísia, presentemente entre duas voltas de eleições presidenciais, foi o único país da chamada Primavera Árabe a transitar para um regime democrático. O ato eleitoral foi antecipado devido à morte de Beji Caid Essebi, a 25 de julho.
Na primeira volta, a 15 de setembro, passaram à segunda volta o independente Kaïs Saïed, professor de Direito constitucional, e o milionário Nabil Karoui. Este concorreu enquanto preso por branqueamento de capitais.