Morreu a repórter britânica Clare Hollingworth, que foi responsável por um dos maiores furos jornalísticos do século XX, ao notar a presença das tropas alemãs na fronteira com a Polónia em 1939.
A correspondente de guerra britânica Clare Hollingworth, que foi a primeira jornalista a noticiar a invasão da Polónia pelas tropas alemãs em 1939, morreu esta terça-feira, em Hong Kong, aos 105 anos. A sua morte foi confirmada por um sobrinho-neto, autor de uma biografia sobre a jornalista, citado pela DW.
Nascida em Leicester em 1911, Hollingworth era ainda uma “júnior” recém-contratada pelo jornal britânico Daily Telegraph quando viajou para a Polónia no fim de agosto de 1939. Ao percorrer a fronteira do país com a Alemanha, notou a presença de milhares de tropas alemãs, que aguardavam a ordem de invasão.
Hollingworth publicou a notícia no dia 28 de agosto de 1939, com o título “Mil tanques concentrados na fronteira polaca. Dez divisões prontas para ataque imediato“. O artigo saiu sem assinatura, como era habitual na época. Segundo o jornal The Guardian, a reportagem foi um dos maiores “furos” do século 20.
Quatro dias depois, a 1 de setembro, as tropas alemãs invadiram a Polónia sob as ordens do führer, Adolf Hitler – evento que desencadearia a Segunda Guerra Mundial. Às 11:15 do dia 3, o Reino Unido, a Austrália e a Nova Zelândia declaram guerra à Alemanha. A França junta-se-lhes às 15:00.
Hollingworth acabou também por testemunhar a própria invasão alemã, ao ser acordada pelas bombas lançadas sobre a cidade polaca de Katowice. A sua peça sobre o início oficial do conflito apareceu nas páginas do Daily Telegraph no dia seguinte.
A repórter acompanhou ao longo da sua carreira inúmeros conflitos, como a guerra no Vietname, Argélia, Médio Oriente, Índia e Paquistão, e a Revolução Cultural na China.
Hollingworth também fez a primeira entrevista com Mohammad Reza Pahlavi, depois de o último shah do Irão se ter tornado o líder do país, em 1941.
Entre outros furos de Hollingworth, contam-se a reportagem de 1963 que levantava suspeitas de que o ex-agente britânico Kim Philby era um espião soviético, e um artigo em 1968 que antecipava a intenção dos Estados Unidos de iniciar negociações de paz com o Vietname.
Em outubro do ano passado, comemorou o seu 105º aniversário, em Hong Kong, no Clube dos Correspondentes Estrangeiros.
“Estamos muito tristes por saber da morte de Clare. Ela foi uma extraordinária inspiração para todos nós e um estimado membro do nosso clube”, disse à AFP a presidente do FCC, Tara Joseph.
E onde quer que esteja agora, Clare Hollingworth será provavelmente a primeira a dar a notícia do que de novo se passa por lá.
O último parágrafo é de um tremendo mau gosto !
Realmente… que classe!!!