Inédita pílula contracetiva masculina passa nos primeiros testes de segurança em humanos

(dr) Infarmed

Uma pílula contracetiva experimental para homens acaba de passar no primeiro teste de segurança em humanos. É capaz de bloquear a produção de esperma.

Foram publicados, esta terça-feira, na Communications Medicine, os resultados do primeiro ensaio experimental de uma pílula contracetiva masculina.

O ensaio incluiu 16 pessoas e destinava-se apenas a testar se o medicamento atingia níveis adequados no organismo, bem como se desencadeava quaisquer efeitos secundários graves, tais como alterações relativas ao ritmo cardíaco, à função hormonal, à inflamação, ao humor ou à função sexual.

Em todas as doses testadas, não foram observados efeitos secundários significativos. Isto é um passo fundamental para a aprovação da pílula, permitindo agora que a pílula seja agora testada em ensaios mais alargados que irão analisar tanto a segurança como a eficácia.

Estes resultados são um primeiro passo fundamental para a aprovação da pílula.

Atualmente, as únicas opções de controlo da natalidade masculina são os preservativos e as vasectomias. Esta última pode ser revertida, mas a taxa de sucesso real do procedimento de reversão varia muito em termos da probabilidade de uma pessoa conceber um filho depois.

Se for aprovada, a nova pílula será o primeiro medicamento da sua classe.

Como funciona a pílula contracetiva masculina

Como explica a Live Science, a pílula experimental, denominada YCT-529, foi concebida para interromper a produção de esperma através da interrupção de sinais específicos no corpo.

Especificamente, o medicamento funciona bloqueando uma proteína chamada “recetor alfa do ácido retinóico”, que é conhecida por desempenhar um papel fundamental na formação e maturação do esperma.

Nos testículos, o recetor seria normalmente ativado pela inserção de uma “chave” – um metabolito da vitamina A – mas o medicamento impede que essa chave se encaixe no lugar. Isso, por sua vez, impede a reação em cadeia que termina com a produção de espermatozóides.

Em testes pré-clínicos com ratos de laboratório machos, o medicamento desencadeou uma infertilidade reversível no espaço de quatro semanas após a sua utilização, revelando uma eficácia de 99% na prevenção da gravidez nas fêmeas dos ratos com quem os machos tratados acasalaram.

Outros testes em primatas não humanos apresentaram resultados semelhantes, com a contagem de espermatozóides a cair drasticamente duas semanas após o início do medicamento e a recuperar totalmente 10 a 15 semanas após a interrupção do mesmo. Estes testes pré-clínicos prepararam o terreno para o recente ensaio clínico em seres humanos.

Agora, o novo ensaio incluiu 16 homens com idades compreendidas entre os 32 e os 59 anos, todos eles previamente submetidos a vasectomias. Em todas as doses e condições testadas, os níveis do fármaco no organismo atingiram níveis seguros.

Embora não tenham surgido efeitos secundários notáveis neste pequeno ensaio, os ensaios futuros com grupos de estudo maiores terão de monitorizar esses efeitos.

Miguel Esteves, ZAP //

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