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As pessoas estão a beber lixívia pela sua saúde. Pela sua saúde, não o faça

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Tecnicamente, não é lixívia“. É a primeira coisa que os defensores da “Solução Mineral Milagrosa” nos dizem. Mas quimicamente, isso não importa — porque o nosso estômago não se preocupa com semântica quando estiver a ser queimado por dentro.

O mundo da banha da cobra do “bem-estar” sempre esteve cheio de jargão pseudocientífico, mas a versão mais recente traz perigo real e imediato.

O clorito de sódio, frequentemente vendido online como “MMS“, “oxigénio aeróbico” ou “solução de dióxido de cloro”, é habitualmente comercializado como um implacável exterminador natural de patógenos, que pode fortalecer a imunidade, curar doenças e ajudar-nos a “desintoxicar”.

O que realmente faz é deixar as pessoas violentamente doentes, levá-las aos hospitais e, em casos extremos, matá-las, nota a Vice.

“Quando o clorito de sódio atinge o ácido do estômago, converte-se em dióxido de cloro”, explica à Science Alert o ecologista Casey McGrath. “É uma lixívia usada para esterilizar instrumentos hospitalares e superfícies industriais. É ótima para esfregar um cateter, não é assim tão boa para um intestino humano”.

A FDA, agência reguladora de saúde alimentar e farmacêutica dos Estados Unidos, alertou repetidamente contra o consumo de produtos MMS. Isso não impede os vendedores de os promoverem como uma cura milagrosa para tudo, de COVID ao cancro.

Ingerir este produto pode causar náuseas, vómitos, diarreia e, em doses altas, falência de órgãos e morte. Estudos em animais ligam-no a danos cerebrais e da tiroide. E inalá-lo, o que alguns defensores recomendam, pode levar a lesões respiratórias ou pneumonia química.

Nas redes sociais, alguns influenciadores vão ainda mais longe, sugerindo enemas ou bochechos com MMS. Estes usos podem danificar tecidos internos, perturbar o microbioma intestinal e queimar tecidos internos feitos para nutrientes, não para desinfetantes industriais.

Os apoiantes desta mezinha agarram-se a palavreado que parece alguma coisa científica, como “terapia oxidativa” ou “moléculas de oxigénio que eliminam patógenos”, mas as evidências que citam são principalmente teóricas ou retiradas de testes laboratoriais que nada têm a ver com uso humano seguro.

Verdadeiros estudos médicos mostram que o composto destrói glóbulos vermelhos, reduz a entrega de oxigénio no corpo e danifica o coração.

O dióxido de cloro pode matar bactérias. Isso não o torna medicina. Também mata células da pele e desencadeia distúrbios de coagulação.

Só porque “parece” um suplemento e vem num frasco conta-gotas não significa que seja seguro. Se um produto diz que cura tudo, provavelmente é mentira — e neste caso, uma mentira que pode custar-nos os órgãos. Ou pior.

ZAP //

1 Comment

  1. Essa foi a receita para a Covid que o Trump aconcelhou em 2020 ao seu rebanho de seguidores. Não para beber, mas para injectarem a lixivia com álcool isopropílico. Pena que poucos deles tenham acreditado nessa patranha.

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