Caímos que nem polvos, na ilusão da mão de borracha

Sumire Kawashima e Yuzuru Ikeda / Universidade de Ryukyus

Os polvos de corpo normal podem ser levados a pensar que um braço falso é o seu

Os polvos podem ser enganados e levados a pensar que um braço falso faz parte do seu corpo. O mais engraçado é que nós, humanos, também.

Temos um sentido de propriedade do corpo muito semelhante ao do polvo. É a conclusão de um estudo publicado esta segunda-feira na Current Biology.

Demonstrada pela primeira vez no final da década de 1990, a ilusão da mão de borracha consiste em esconder a mão verdadeira de uma pessoa e colocar uma mão falsa numa mesa à sua frente, acariciando ambas em simultâneo.

Mais tarde, descobriu-se que outros mamíferos, como os ratos, também podem ser enganados pelo mesmo truque.

Agora, Sumire Kawashima e Yuzuru Ikeda da Universidade de Ryukyus em Okinawa, Japão, descobriram que os polvos também são vulneráveis à ilusão.

Como detalha a New Scientist, no novo estudo, polvos Callistoctopus aspilosomatis em cativeiro foram colocados num tanque experimental. Um braço falso de polvo, feito de gel macio ligado a uma divisória opaca, foi colocado sobre um dos braços do polvo, bloqueando a sua visão do braço verdadeiro.

Em seguida, um dos investigadores utilizou um compasso de calibre de plástico para acariciar o braço falso e o braço verdadeiro ao mesmo tempo.

Após cerca de 8 segundos, o investigador beliscou o braço falso com uma pinça. Todos os seis polvos que participaram em 24 tentativas deste teste apresentaram respostas de defesa, como mudar de cor, retrair o braço ou fugir.

Quando o teste era efetuado sem carícias ou com carícias não simultâneas, ou quando a postura do braço falso não coincidia com a do braço verdadeiro, o efeito da ilusão desaparecia.

“A ilusão sugere a capacidade dos polvos para antecipar e prever, o que é vantajoso para a sobrevivência. Por outro lado, esta capacidade surge como efeito secundário de um erro ou conflito de processamento no cérebro e é também uma falha”, disse Ikeda, à New Scientist.

Kawashima enaltece que este estudo acrescenta à lista de capacidades que os polvos partilham com os humanos: “As nossas descobertas sugerem que o polvo pode ser um modelo importante para estudar a evolução do sentido de propriedade do corpo

ZAP //

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