O tabu não foi propriamente um tabu em Janeiro: a moção de rejeição aos socialistas já foi uma sugestão, em palavras do líder da AD.
Se, na campanha eleitoral de 2022 o tabu foi uma eventual aliança com o Chega (e pode ter sido esse um motivo para Rui Rio perder as eleições), agora o aparente tabu no PSD é outro.
Luís Montenegro, presidente dos sociais democratas e líder da Aliança Democrática (AD), não tem dito se deixa passar um Governo liderado por Pedro Nuno Santos, caso o PS vença as legislativas no dia 10 de Março.
Pedro Nuno tem insistido que Montenegro deveria esclarecer os portugueses: vai viabilizar governo minoritário do PS, se fa AD ficar em segundo lugar?
Mas Luís Montenegro já respondeu a essa pergunta, lembra o jornal Observador.
Aconteceu no final de Janeiro, numa conversa descontraída na CNN Portugal.
Anselmo Crespo perguntou o que faria o PSD se não vencesse as eleições, mas existisse uma maioria de direita no Parlamento.
A resposta: “Não vejo forma de os deputados da Aliança Democrática viabilizarem uma governação do Partido Socialista, tal qual está representada”.
Ou seja, não viabilizaria um Governo liderado pelo PS. A expressão “rejeição” não foi dita, mas está lá presente: “Não seremos nós a viabilizar um governo que é contra aquilo que defendemos”, insistiu.
Nas últimas semanas, Luís Montenegro tem deixado de lado essa ideia (voltou o tabu) porque não quer garantir algo que depois poderá não cumprir. Quer evitar erros fulcrais na campanha. E quer evitar falar sobre um eventual acordo com o Chega.
Porque, caso a AD rejeite um Governo PS, o que faria Montenegro? É que o líder do PSD já disse que só será primeiro-ministro se a AD vencer em Março.
Se a coligação de direita apresentasse moção de rejeição ao PS, e seguindo esta lógica, pouco adiantaria porque Luís Montenegro não aceitaria ser primeiro-ministro tendo ficado no segundo lugar.
Novas eleições? Ou alguém no lugar de Montenegro assumiria o cargo? Nunca houve resposta nos recentes debates. Ainda na noite passada, em novo momento de pré-campanha, não falou sobre isso com os jornalistas.
“O PSD é muito maior do que eu, não há dúvida nenhuma. Não tenho nenhuma tentação de me fazer maior do que o PSD. Não acredito em super-heróis. São uma ficção. O PSD é uma grande instituição. E decidirá sempre aquilo que entender. Agora, o PSD não está a ser enganado por mim. Nem o PSD, nem o país”, tinha comentado Montenegro na tal entrevista na CNN.
De resto, o discurso só aponta num sentido: vitória. Não há conversas alargadas sobre cenários de derrota (compreensível e habitual na política).
Se a direita for maioritária, seria o maior ridículo pôr fora essa maioria. Não foi a ssim que Costa se safou após a terceira derrota em 2015? O PS fala muito do Chega com o objetivo de afastar o PSD do Chega. Isso é claro como a água. Os deputados do Chega são eleitos pelo povo. Têm a mesma legitimidade que os deputados do PS, do PSD ou qualquer outro partido. O que o PS tem feito é uma habilidade para que não se forme uma maioria de direita. Mas à esquerda sim, isso eles gostam e muito, sobretudo o radical do PS e a cara de enferma do BE.
Mas o que interessa isso agora?
Muitas surpresas nos esperam. Por isso nesmo, cada coisa a seu tempo e o que tiver que ser será.
Agora é tempo de campanha, com tudo o que lhe está associado, isto e outras patranhas em que insistem, é prematuro e irrelevante para o que nesta fase importa esclarecer e priorizar