Moedas diz que fez o que não fez; e que não fez o que fez

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Miguel A. Lopes / EPA

Carlos Moedas fala com jornalistas depois do acidente do elevador da Glória

A gestão da Carris não está na Câmara mas “fui eu que aumentei o investimento” – e afinal nem houve aumento nenhum.

No dia da tragédia do elevador da Glória, Carlos Moedas estava visivelmente (e compreensivelmente) perturbado.

“É um dia trágico para a nossa cidade. É um dia muito duro para todos nós”, foram as primeiras palavras do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que nessa primeira reacção não se alongou sobre responsabilidades.

“É gravíssimo. Obviamente não deveria ter acontecido. Oportunamente aqui estaremos para responder a todas as perguntas”, continuou o autarca.

Mas a questão da responsabilidade política, o “teatro” do costume, apareceu nos dias seguintes e tem rodeado Carlos Moedas – que também tem contribuído para estas trocas de acusações e insinuações.

E não se tem saído muito bem nesse contexto.

Na primeira entrevista que deu depois do desastre, Carlos Moedas disse que a Câmara Municipal de Lisboa não gere a Carris, empresa de transportes responsável pelo elevador. A Câmara é accionista da Carris mas “não gere a empresa; tem uma estratégia para a mobilidade da cidade e fornece recursos à empresa”.

Mas, na mesma conversa na SIC, disse: “O orçamento da empresa aumentou 30% no meu mandato. A Carris investiu mais 60% em novo equipamento no meu mandato. A manutenção aumentou 30%”.

Ou seja, afasta a Câmara de Lisboa da gestão da Carris mas anuncia “aumentei a manutenção”, reage Alexandra Machado, na rádio Observador, citando palavras do autarca noutra entrevista, na CMTV.

Não era suposto fazer mas faz. Mas há outras incongruências mais importantes.

Precisamente sobre a Câmara ser accionista da Carris, mas não gerir: a Câmara Municipal de Lisboa, afinal, pode interferir na gestão da empresa – enquanto accionista, aprova ou reprova orçamentos, planos de actividade e relatórios e contas, salienta o Expresso.

Além disso, os custos totais na manutenção dos ascensores da Carris (e do elevador de Santa Justa e dos eléctricos) não aumentaram; desceram 3% desde o ano – 2021 – que Carlos Moedas tomou posse enquanto presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Os gastos na manutenção das infraestruturas associadas ao modo eléctrico caíram 18%. O que aumentou foram os custos gerais de manutenção, que inclui os autocarros.

Aqui, anuncia que fez mas não fez – no caso concreto daquele elevador.

O Esquerda.net acrescenta que, ao contrário do que Moedas anunciou, os gastos em manutenção na Carris não aumentaram por haver mais utilizadores dos ascensores. Pelo menos, não ao mesmo ritmo.

E ainda há a já muito comentada referência à demissão de Jorge Coelho em 2001, depois da queda da ponte em Entre-os-Rios. Também aí, Moedas foi enganador.

Pelo meio, e segundo PS e Livre, o presidente abandonou a reunião da Câmara Municipal de Lisboa, na segunda-feira, antes de qualquer pergunta a Pedro Bogas, presidente do conselho de administração da Carris. Não ficou para a audição a Bogas, saiu antes.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

6 Comments

    • Deixa-te de ser garoto. O que tu e toda a seita esquerdoide queriam era ter alguma coisa para lhe apontar. O vosso desespero é grande – tomem sais de frutos.

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