O mistério da formação das nuvens foi finalmente resolvido

A pesquisa descobriu que hidrocarbonetos gasosos libertados pelas plantas são um fator fundamental na formação das nuvens.

Numa descoberta revolucionária como parte do projeto internacional CLOUD no centro de pesquisa nuclear CERN, os investigadores identificaram os hidrocarbonetos gasosos libertados pelas plantas, chamados sesquiterpenos, como um fator crucial na formação de nuvens.

O estudo, publicado na Science Advances, pode ajudar a reduzir as incertezas nos modelos climáticos, tornando as previsões climáticas futuras mais precisas.

A colaboração internacional liderada pelo projeto CLOUD compromete-se a revelar os complexos processos atmosféricos e o papel de diferentes gases e aerossóis neles. Um foco significativo é entender o fenómeno da formação de nuvens, um elemento crítico nas previsões climáticas, uma vez que as nuvens refletem a radiação solar, arrefecendo a Terra.

As nuvens formam-se quando o vapor de água se condensa em núcleos, que são muitas vezes aerossóis provenientes de fontes naturais e atividades humanas, como poluentes de indústrias ou emissões naturais como sal do mar. No entanto, metade destes núcleos formam-se no ar através de um processo chamado nucleação, onde as moléculas gasosas se combinam e solidificam. Estas partículas iniciais crescem ao longo do tempo, atuando eventualmente como núcleos de condensação.

Uma revelação crucial do estudo é a identificação dos sesquiterpenos, um tipo de hidrocarboneto libertado principalmente pela vegetação, como um fator significativo neste processo de nucleação, apesar da sua raridade. Estes hidrocarbonetos contribuem extensivamente para a formação de aerossóis, que servem como núcleo de condensação para a formação de nuvens, mais do que outras substâncias, incluindo isoprenos e monoterpenos, anteriormente considerados mais dominantes.

A autora principal, Lubna Dada, nota que, enquanto o dióxido de enxofre proveniente de atividades humanas tem sido tradicionalmente um fator substancial para a formação de partículas, a sua concentração no ar tem vindo a reduzir devido ao aperto nas leis ambientais. Em contraste, os terpenos estão a aumentar, pois as plantas libertam mais em condições de stress, como temperaturas crescentes e secas frequentes, provocadas pelas alterações climáticas, explica o SciTech Daily.

O estudo aproveitou as capacidades únicas da câmara CLOUD no CERN para simular várias condições atmosféricas, incluindo aquelas que espelham a era pré-industrial, permitindo observações precisas sobre o papel de diferentes hidrocarbonetos na formação de partículas.

Uma descoberta crucial destas simulações foi a eficiência marcadamente superior dos sesquiterpenos na formação de partículas, mesmo em baixas concentrações, tendo gerado 10 vezes mais partículas em comparação com isoprenos e monoterpenos em concentrações equivalentes.

A pesquisa sublinha a necessidade de incluir os sesquiterpenos como um fator distintivo nos futuros modelos climáticos para melhorar a sua precisão, especialmente considerando as decrescentes concentrações de dióxido de enxofre e o aumento das emissões biogénicas devido ao stress climático sobre a vegetação.

ZAP //

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