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Adeus à miopia infantil? Espanha está a desenvolver tratamento pioneiro

Christos Tsoumplekas (Back again!) / Flickr

A Organização Mundial de Saúde (OMS) já fala da miopia como uma nova pandemia, devido ao seu crescimento entre os jovens. Mas em Espanha, está a nascer um tratamento pioneiro que dá esperança na luta contra a miopia infantil.

Investigadores da Unidade de Oftalmologia Pediátrica e Motilidade Ocular do Hospital Clínico de San Carlos em Madrid, lideraram “um ensaio clínico pioneiro” com resultados promissores no tratamento da miopia infantil, conforme anuncia a própria instituição em comunicado.

Os resultados preliminares que já foram avaliados pela Agência Espanhola do Medicamento, revelam “uma diminuição da velocidade de progressão desta patologia em crianças e adolescentes”, com o recurso a este tratamento.

A terapêutica que está a ser desenvolvida combina um medicamento – colírio de atropina diluída – e lentes (óculos) com “um desenho óptico específico para o controle da miopia”, como refere o Hospital.

Este “tratamento combinado” permite “manter uma visão nítida no centro da lente e um desenfoque periférico que controla a progressão da miopia, evitando o alargamento axial do olho”, explicam os investigadores.

“O aumento do crescimento ocular, ou alongamento axial, associa-se com um aumento do risco de desenvolver doenças oculares associadas à miopia, e que podem causar um défice visual irreversível na vida adulta, como o desprendimento da retina, cataratas ou maculopatia”, nota a oftalmologista Noemí Güemes citada no comunicado.

Tratamento combinado trava progressão da miopia

“Aproximadamente 4 em cada 10 doentes conseguiram travar a progressão axial da miopia com o tratamento combinado”, acrescenta a directora da Unidade de Oftalmologia Pediátrica do Hospital San Carlos, Rosario Gómez de Liaño.

Participaram no estudo crianças e jovens com idades entre 4 e 16 anos, com miopia de entre 1 e 6 dioptrias, e com até 2 dioptrias de astigmatismo.

Uma dioptria é uma unidade de medida usada em óptica para descrever a potência de uma lente, ou de um sistema óptico, para prescrever óculos e lentes de contacto, de modo a corrigir problemas de visão.

Cada dioptria evitada reduz em 40% o risco de sofrer patologias associadas na idade adulta”, sublinha ainda Liaño.

Pelo contrário, “um aumento de uma dioptria aumenta o risco de maculopatia miópica em 67% ao longo da vida”, acrescenta esta responsável citada no comunicado no hospital.

OMS já fala da miopia como nova pandemia

Estes resultados são promissores para o combate a um problema que afecta milhões de pessoas em todo o mundo. Mas a detecção precoce e a prevenção continuam a ser essenciais.

A miopia é uma condição ocular em que a pessoa tem dificuldade em ver objectos distantes com clareza, enquanto consegue ver ao perto. Pode ser corrigida com o uso de óculos, lentes de contato, ou com uma cirurgia refrativa.

Factores genéticos e ambientais, como o excessivo uso de ecrãs e a falta de exposição à luz natural, contribuem para o desenvolvimento deste problema de saúde.

“Há cada vez mais miopia em idades mais precoces”, analisa a oftalmologista Noemí Güemes, salientando que tem notado nas consultas hospitalares, que a condição “está a desenvolver-se e a crescer a um ritmo mais rápido do que o esperado“.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) já se referiu a esta progressão da miopia, sobretudo entre os mais jovens, como uma pandemia, estimando que em 2050, entre 40% e 52% da população mundial sofra desta condição.

Susana Valente, ZAP //

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