Marques Mendes: “Há uma parte dos ministros que o país nem conhece. Parecem clandestinos”

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António Cotrim / Lusa

O conselheiro de Estado e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes

“Há uma parte dos ministros que o país nem conhece. Parecem clandestinos. Até em questões instrumentais está tudo atrasado”, indicou no domingo Luís Marques Mendes, no seu comentário habitual na SIC.

Na sua opinião, o Governo “está parado”, “sem iniciativa em várias questões essenciais” em áreas como a Saúde, a Educação, os impostos e a Justiça. Tudo se resume ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), notou.

“Isto não é normal num Governo de maioria. De uma maioria exige-se mais ambição e mais energia. E já passaram 5 meses”, disse, indicando: sobre o novo aeroporto, “já houve reunião entre o primeiro-ministro e o líder do PSD. Ao que sei, António Costa também já resolveu que não será o LNEC a fazer a Avaliação Ambiental Estratégica. Então o que falta para avançar?”.

O comentador acredita que o grande desafio é o Orçamento de Estado para 2023 (OE23), apontando para uma forte redução do défice e da dívida; a subida dos salários, por causa da inflação e a reforma fiscal; e as pensões de reforma. “Julgo ser muito provável que uma parte seja antecipadamente paga ainda este ano por força da folga orçamental, e a outra parte em 2023”.

“O grande desafio social é a aprovação dos novos apoios sociais às famílias mais afetadas pelo custo de vida. O Governo prometeu-os para setembro. E vão ocorrer na primeira quinzena. A verdade, porém, é que este programa já vem atrasado. O governo anda a correr atrás do prejuízo”, considerou.

Embora tenha elogiado a antecipação do Governo sobre a decisão nas tarifas do gás, apontou dúvidas: “no país da burocracia, como se consegue em tão pouco tempo transferir 1,2 milhões de consumidores de um operador para outro?”. Além disso, “o que sucede quando o operador regulado também tiver de comprar gás a este preço “louco”?”. E ainda: “não havia alternativas melhores? Baixar o IVA? Alargar a tarifa social? Criar um vale social?”.

Relativamente às eleições em Angola, disse que “há dois vencedores”, porque a UNITA poderá perder mas ganhou Luanda e mobilizou os jovens. “A posição da UNITA é legítima, mas esta querela não vai originar qualquer guerra civil como sucedeu em 1992. Nem provavelmente grandes reações de rua”, indicou.

“A Comissão Nacional de Eleições (CNE) já sinalizou que os resultados definitivos podem ser algo diferentes dos provisórios. E hoje a UNITA já só falou de correção de mandatos, não tanto de vitória eleitoral. Em qualquer caso, o Presidente João Lourenço deve ser o primeiro interessado em clarificar todas as suspeições. Governar sob suspeita é um desastre”, notou.

O MPLA “tem uma vitória eleitoral com um certo sabor a derrota política”, apesar de ter conquistado as eleições com maioria absoluta. Mas “teve uma derrota histórica em Luanda”, “está a perder apoio de eleição para eleição” e “já percebeu que o próximo passo é provavelmente perder o poder”.

Já a UNITA teve uma derrota eleitoral “com um certo sabor a vitória política. Perdeu na contagem dos votos, mas subiu imenso de votação. Mostrou ter líderes bem preparados. Mobilizou o país, em especial os jovens. E sobretudo ganhou o estatuto de alternativa credível”, destacou o comentador.

“Politicamente o País está dividido ao meio. Economicamente está estagnado. Socialmente é um barril de pólvora”, continuou, comentando que Angola “precisava de um Governo de Unidade Nacional, entre MPLA, UNITA e independentes”.

Sobre o desenrolar da guerra na Ucrânia, referiu que estes seis meses “evidenciam politicamente uma derrota da Rússia” e que “Putin não tem qualquer motivo para festejar”. “Militarmente, esta é a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Politicamente, é a guerra entre a Rússia e o Ocidente (EUA e Europa)”, declarou.

“Acredito que a unidade do Ocidente não vai quebrar. Mas há três riscos fortes”, evidenciou o comentador: o cansaço europeu face ao inverno e ao frio; a fadiga europeia face à inflação; e as mudanças políticas no Ocidente.

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7 Comments

  1. Sobre o parágrafo da Ucrânia …. “Sobre o desenrolar da guerra na Ucrânia, referiu que estes seis meses “evidenciam politicamente uma derrota da Rússia” e que “Putin não tem qualquer motivo para festejar”. “Militarmente, esta é a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Politicamente, é a guerra entre a Rússia e o Ocidente (EUA e Europa)”, declarou.” DECLAROU !!! E DISSE !!! ……………. Um parágrafo à parte, que bem merece uma resposta à parte. ENTÃO ISTO NÃO É, E NÃO FOI…. E NÃO SERÁ…. UMA RÚSSIA CENSURADA …. “PELA …….. GENERALIDADE …… DA COMUNIDADE INTERNACIONAL …… “GENERALIDADE, JÁ ESTÁ A CAIR A PALAVRA ….. AGORA É EUA E EUROPA, ….. A GENERALIDADE DO MUNDO ? …… Este exemplo mais que flagrante dos EXTERMINADORES criados e vindos dos EUA e Europa, com cheiro a tresandar a colonialismo reciclado, de tiques de racismo sobre a inteligência e a dignidade do resto do mundo, …. que “os EUA e Europa, é que sabem o que é bom para o mundo…..” , revisitando o espírito de escravatura dos últimos séculos sobre o mundo “preto e nativo” …. sai agora da boca do “boneco falante” de Domingo na SIC. Chegámos a isto, . e daqui não saímos. O mundo é assim, e foi assim que os meus paizinhos me disseram que o mundo era. E o meu nome é MM. E ainda dizem que esta gente andou na escola ….. mas a fazer o quê ?

  2. Parecem clandestinos! Pudera, isso faz da estratégia de Costa quando há questões erosivas para o governo: manda o(s) responsável(is) desaparecer por um tempo, para esquecer o assunto (gestão de silêncios). Só que essa estratégia está esgotada e já não passa despercebida, como pretendia o seu autor.

    • Não é por nada mas, olhando para outros governos, PS e PSD, sempre houve ministros clandestinos… Esta questão depende um pouco da cobertura mediática dada a certos membros do governo. A mim parece-me que o comentário de M. Mendes é despropositado.

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