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Ministra recusa dizer se tem condições para continuar no cargo (e remete resposta para jornalista)

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Estela Silva / Lusa

A ministra da Cultura, Graça Fonseca

A ministra da Cultura não quis comentar se tem condições para continuar no cargo, depois da polémica com o convite aos jornalistas para “beber o drink de fim de tarde”. E remeteu resposta para a jornalista que lhe fez a pergunta sobre os apoios ao setor.

No início desta semana, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, foi a principal protagonista de uma polémica que ainda continua a dar que falar. Na apresentação das 65 obras de arte contemporânea para a coleção do Estado, que decorreu no jardim do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, a governante foi questionada sobre a iniciativa do grupo informal União Audiovisual.

Para contornar o assunto, a ministra respondeu que só estava ali para falar sobre a coleção de arte contemporânea e concluiu com um “muito obrigada e vamos beber o drink de fim de tarde”.

Esta quinta-feira, quando falava sobre as novas linhas de apoio social extraordinário às artes, a governante foi questionada sobre o recente episódio e se sente que tem condições políticas para continuar no cargo.

“Eu não vou dar uma resposta porque a sua colega está presente. E, portanto, acho que a sua colega poderá responder, se entender, a si própria e diretamente. Eu naturalmente não vou dar essa resposta”, afirmou, referindo-se à jornalista que lhe tinha pedido para comentar a recente atividade da União Audiovisual.

Entretanto, a ministra acabou por dar uma declaração sobre o assunto. “Desde o dia em que foi declarado o estado de emergência, tenho conhecimento de muitas situações e falei com muitas entidades e muitas pessoas”, começou por dizer.

“Precisamente por o Governo saber essa situação é que aprovou, há um mês e meio, um pacote no valor de 70 milhões de euros”, rematou.

Esta sexta-feira, Graça Fonseca vai estar no Primeiro Jornal da SIC.

Ministra demonstrou “ausência de sensibilidade”

“As afirmações da ministra da Cultura são chocantes, demonstrando uma ausência de sensibilidade para as dificuldades pelas quais passam todos os profissionais da Cultura”, disse, esta quinta-feira, o líder da JSD, em comunicado.

Para Alexandre Poço, as declarações de Graça Fonseca revelam “uma elevada desvalorização e falta de respeito pelos profissionais que devia defender, demonstrando que quando não há soluções ou respostas, a ministra foge dos temas”.

O presidente da JSD pergunta ainda “quantos drinks de final de tarde são necessários para tomar consciência do estado de miséria em que os profissionais da Cultura se encontram” e pede que sejam equacionados mais apoios.

“Os apoios ao setor continuam escassos, pelo que exigimos ao Governo que olhe de forma séria para os profissionais do setor, equacionando mais apoio para combater a calamidade pela qual o setor está a passar desde o início da pandemia da covid-19.”

A JSD alerta para a precariedade, instabilidade e intermitência profissional e financeira que afetam os profissionais da cultura e defende que seja feito “um censo ao setor”, para se conhecer, com base em “dados e fatos concretos”, a realidade.

Juventude Popular pede demissão da ministra

“Mesmo não estando em circunstâncias para festejos, espero que amanhã os agentes culturais de todo o país possam beber um drink, para finalmente festejar a demissão da ministra da Cultura e assim poderem ter esperança numa Cultura menos elitista e mais digna”, afirmou o presidente interino da JP, Francisco Mota, em comunicado.

Para a Juventude Popular, o setor da cultura e dos eventos “estão a passar por uma crise nunca antes vivida: não estando proibidos de trabalhar, não têm trabalho, e esse é que deveria ser o foco de todo o Governo, em encontrar soluções para este setor” e evitar que seja necessário “mais à frente” o Estado “pagar mais em prestações sociais”.

Francisco Mota salienta que “a política do gosto, da perseguição e da imposição de uma agenda ideológica para a Cultura já não se compreendia nem era aceitável, mas gerir a coisa pública sem noção da realidade apenas demonstra a incapacidade para o lugar por parte da ministra”.

Na ótica do presidente da JP, “a Cultura merece muito mais e melhor”, nomeadamente “alguém que reconheça o valor das tradições e da cultura portuguesa, que valorize os novos protagonistas culturais e que não faça de Lisboa o centro cultural de um país que é muito mais que a capital”.

“Graça Fonseca não compreendeu que estar no Governo de Portugal não é impor o seu gosto, condicionar a liberdade cultural dos portugueses e gerir para os amigos de sempre com programas elitistas de televisão pagos por todos os portugueses”, acrescenta.

A JP lembra ainda que “já tinha pedido a demissão da ministra da Cultura, aquando do episódio com os forcados de Évora, quando Graça Fonseca negou um barrete”.

ZAP // Lusa

4 Comments

  1. Viram a entrevista desta tipa na SIC? Ela até pode ser muito culta mas, MUITO MAL EDUCADA é aquilo que ela verdadeiramente é.
    – “Senhora ministra” DEMITA-SE!

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