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Ministério Público sabia quem era o informador do caso de Tancos (mas não disse a Ivo Rosa)

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Manuel de Almeida / Lusa

O juiz Ivo Rosa

O Ministério Público pediu ao juiz de instrução Ivo Rosa que autorizasse escutas telefónicas a dois suspeitos de um assalto que ainda não tinha acontecido, mas omitiu um facto.

O MP, de acordo com o semanário Expresso, disse ao magistrado que tinha recebido uma informação anónima de que se preparava um assalto a uma unidade militar da zona, mas, na verdade, sabia quem é que tinha alertado as autoridades.

O informador era Paulo “Fechaduras” Lemos, contratado ao almoço pelo líder do grupo de assaltantes num restaurante em Sete Rios, em Lisboa, para abrir as portas de dois paióis de Tancos.

O homem arrependeu-se e, em março de 2017, três meses antes do assalto, contou à procuradora Teresa Morais, do DIAP do Porto, que tinha conhecido num processo anterior, tudo o que se estava a preparar e quem é que estava a planear o golpe. Disse ainda que o alvo era uma estrutura militar algures na zona centro e não se sabe se omitiu Tancos por desconhecimento ou apenas por estratégia.

A informação foi transmitida pela magistrada à PJ de Vila Real e depois à secção de combate ao banditismo da Judiciária do Porto, mas o assalto não foi evitado.

O MP pediu que fossem postos sob escuta João Paulino, o ex-fuzileiro que planeou o assalto, e Paulo “Fechaduras” Lemos, descrito como estando ligado “ao tráfico de armas” mas nunca identificado como o informador.

Num despacho, a que o Expresso teve acesso, Ivo Rosa viria a rejeitar o pedido do MP com o argumento de que com base apenas numa informação anónima “e sem outros elementos de prova” a lei não permite que se realizem interceções telefónicas. “Constata-se que não foram realizadas diligências de prova permitissem concluir pela verosimilhança da suspeita”, argumentou.

De acordo com um magistrado ouvido pelo semanário, “é normal que um juiz indefira um pedido para escutas nos casos em que há apenas uma denúncia anónima e não há indícios que deem corpo a essas suspeitas”.

Vinte dias depois da recusa de Ivo Rosa, um grupo de sete assaltantes liderados por João Paulino assaltou mesmo o paiol de Tancos levando granadas, balas e outro armamento.

ZAP //

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