“Com as garras de fora”. Militares ameaçam sair à rua se só os polícias forem aumentados

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Paulo Novais / Lusa

Militares à entrada dos Paióis Nacionais do Polígono Militar de Tancos

“Nenhuma acção está posta de parte”. É assim que os representantes dos oficiais das Forças Armadas admitem que também podem sair à rua, em protesto, seguindo as pisadas dos polícias, caso as reivindicações destes sejam atendidas e se esqueçam dos militares.

“A malta nos quartéis e nas bases está com as garras de fora“, alerta o presidente da Associa­ção de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), António Mota, em declarações ao Expresso.

Os recentes protestos dos polícias que querem aumentos nos subsídios colocaram os militares em alerta e agudizaram o sentimento de insatisfação e injustiça.

Assim, se o próximo Governo que sair das eleições legislativas de 10 de Março, ceder às reivindicações dos polícias e se esquecer dos militares, estes podem também sair à rua em protesto.

O alerta é deixado pelo presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), António Lima Coelho. “Nenhuma acção está posta de parte”, salienta em declarações ao Expresso, reforçando que “poderá passar pelo que a imaginação e criatividade originar, sejam acções de maior ou menor visibilidade, de maior ou menor dimensão”.

“Ninguém sabe o que pode acontecer”

O líder da ANS fala também da “sensação de mal-estar” que existe entre os militares “pelo tratamento diferenciado a vários níveis” relativamente às forças de segurança.

“Não são devidamente tratados os subsídios e suplementos de paraquedistas, submarinistas, mergulhadores, tripulantes de voo e, um caso extremo, dos inactivadores de engenhos explosivos, que há 44 anos andam a bater-se por isso”, aponta Lima Coelho.

Perante tudo isto, o ex-chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) Fernando Melo Gomes está preocupado, conforme assume em declarações ao Expresso.

“Ninguém sabe o que pode acontecer” se o Governo ceder aos polícias e não fizer o mesmo com os militares, nota Melo Gomes.

“Não ponho as mãos no fogo pelo que possa suceder”, acrescenta, recordando que, antes da Revolução do 25 de Abril, foram precisamente as reivindicações de carreira dentro do Exército que contribuíram para o golpe dos Capitães.

“Marcelo está a criar uma caldeirada muito grande”

Os oficiais já manifestaram a insatisfação dos militares ao Presidente da República numa reunião realizada a 6 de Fevereiro passado com o chefe da Casa Militar do Presidente da República.

O encontro teve lugar depois dos mega-protestos dos polícias e os militares esperam que Marcelo Rebelo de Sousa tome uma posição.

Mas, para já, a postura de Marcelo não está a agradar aos militares, pois, segundo António Mota, está “a criar uma caldeirada muito grande, porque tem vindo a público dizer que as polícias têm razão”. “Mas não temos ouvido o Comandante Supremo dizer rigorosamente nada sobre as Forças Armadas”, critica o presidente da ANS.

Polícias radicais “não querem calar-se”

Entretanto, os protestos dos polícias não vão parar – pelo menos, é o que querem os elementos mais radicais das forças de segurança.

O Nascer do Sol apurou que há “uma divisão clara entre moderados e radicais da PSP“.

Assim, por um lado, há os que apelam “à contenção nos protestos até à tomada de posse do novo Governo”, defendendo o afastamento dos polícias da luta política para não serem acusados de “favorecer este ou aquele partido”, relata ao jornal um elemento sindical que recusa dar a cara.

Por outro lado, há radicais que “não têm medo de ninguém” e que “não querem calar-se” até as reivindicações estarem garantidas, aponta a mesma fonte.

Muitos dos agentes envolvidos nos protestos têm dito que estes resultam de um “movimento inorgânico”. Mas o principal “motor” será o movimento INOP do qual farão parte alguns elementos dos sindicatos.

“Estão em todas e querem é confusão. Quanto pior, melhor“, diz um sindicalista ao Nascer do Sol.

O INOP estará a mobilizar os polícias para uma nova acção de protesto no início de Março, em Lisboa, antes das eleições legislativas.

ZAP //

8 Comments

  1. Em todas as vertentes, este país está uma desgraça. O PS é bancarrotas, é pântano , é povo na míngua. Está na altura de tirar estes pantomineiros. Está nas mãos do povo, começar a mudar de vida, para algum conforto e dignidade.

  2. Pois, quer-me parecer que a única maneira de resolver isto é diminuir os apoios à polícia judiciária e posteriormente dar novos apoios a todas as forças que os merecem, mas de modo mais equitativo e que seja sustentável para um país pobre e devedor como é Portugal.
    É que o dinheiro não é infinito, e se colocámos em algum lado, temos de tirar do outros, ou então pedimos a população (que tb é pobre) que contribua ainda mais em impostos.

  3. Barafustar por não ser beneficiado, como os outros, até se aceita, por se admitir que têm o mesmo direito. Agora argumentar em vista o contrário, ou seja, no sentido de que os tais outros não vejam as suas reivindicações satisfeitas é que é no mínimo curioso. Parece uma ideia comunista; todos pobres mas iguais…

  4. Ana Campos,
    O seu desagrado é entendivel.
    As coisas não estão todas bem.
    Vote à direita.
    Está na altura de sair da miséria… para ficar a pedir.
    Não espere outra coisa, com a direita se no governo.

  5. De novo o “Expresso” e o sensacionalismo tóxico dos seus títulos. Nada tendenciosos, dirão os cegos do lado direito da visão.
    Não terá o “Expresso”, nas suas brilhantes hostes, ninguém que publique um artigo, assim do useiro estilo bombástico, que questione e nos informe se Portugal ainda tem Presidente da República?
    E, se ainda existe, que objetivos tem ele em mente para continuar a fingir de morto, perante a gravidade do que está a acontecer? É que a sonsice já não cola! .

  6. Os Professores podem reivindicar e fazer greves em prejuízo dos Portugueses, já os Polícias não podem fazer greves, então resta apenas manifestar a sua insatisfação Um Pai que tenha 5 filhos, se der 5.000€ a um e não dele a sua revolta para com Políticos desonestos na sua forma de governar o País.

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