Militar suspeito de publicar documentos classificados num blogue de extrema-direita

A Polícia Judiciária Militar (PJM) está a investigar um militar da Marinha que é suspeito de publicar conteúdos, incluindo documentos classificados, num blogue conhecido pelas ligações à extrema-direita.

O Diário de Notícias avança este sábado que a Polícia Judiciária Militar (PJM) instaurou um inquérito para investigar um militar da Marinha que é suspeito de publicar documentos classificados num blogue com ligações à extrema-direita.

A PJM esta a investigar os factos que remontam a 2019, quando surgiram documentos confidenciais da Marinha na página da organização designada Movimento Armilar Lusitano (MAL), publicados sob um perfil falso.

O MAL é um “um grupo de Lusitanos que enaltece Portugal e os Portugueses patriotas”. Os seus seguidores foram referenciados nas manifestações dos coletes amarelos e, mais recentemente, no desfile racista com máscaras a imitar o Ku Klux Klan, junto ao SOS Racismo, que já levou à abertura de um inquérito-crime.

Quando tiveram conhecimento destes factos, os responsáveis da Matinha iniciaram uma averiguação interna que identificou o departamento onde tiveram origem as publicações e a identidade do presumível autor.

Segundo o DN, que cita um jurista, podem estar em causa crimes previstos no Código de Justiça Militar, como violação de segredo de Estado, violação de deveres de lealdade, de isenção política e dever de sigilo.

Além disso, segundo o porta-voz da PJM, a situação pode, “no limite, (…) levar à expulsão do militar das Forças Armadas ou mesmo à aplicação de pena disciplinar privativa da liberdade (prisão disciplinar)“.

“A PJM, em estreita ligação com os ramos das Forças Armadas, Estado-Maior da Forças Armadas e Guarda Nacional Republicana, segue atentamente este fenómeno, designadamente nas redes sociais e em outras formas de comunicação, em todas as situações que sejam passiveis de se enquadrar dentro da área de competências desta polícia – prática de crimes de natureza estritamente militar ou de crimes praticados no interior de unidades, estabelecimentos ou órgãos militares”, rematou a fonte.

Segundo o mesmo jornal, esta é a primeira vez que surge uma investigação concreta relacionada com a infiltração da extrema-direita nas Forças Armadas.