Justiça gastou 2,6 milhões em sistemas informáticos inúteis

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Tiago Petinga / Lusa

Foram desperdiçados quase 2,6 milhões de euros, nos últimos anos, em dois sistemas informáticos da Justiça que acabaram por não ter utilidade.

Dois sistemas informáticos da Justiça revelaram-se um desperdício para o Estado, que terá gasto quase 2,6 milhões para que estes acabassem por não sair da gaveta.

Em causa estão os sistemas informáticos Citius Plus, que custou perto de 1,2 milhões de euros sem IVA, e a Aplicação de Gestão do Inquérito-Crime, que custou quase 1,4 milhões. Ambos não corresponderam às necessidades, revelando-se sem utilidade.

De acordo com o Público, em junho de 2010, o Citius Plus foi adjudicado pelo Instituto das Tecnologias da Informação na Justiça (já extinto) à Critical Software, através de um ajuste direto.

No entanto, um ano antes, a mesma empresa foi contratada pelo Ministério da Justiça para realizar uma auditoria ao programa informático, tendo detetado 21 falhas na segurança do sistema de informação dos tribunais, seis das quais foram classificadas com risco máximo.

Ainda durante o segundo Governo de José Sócrates, deu-se então a contratação da empresa, com o objetivo de robustecer a plataforma Citius/Habilus de modo a reescrever o sistema numa linguagem mais moderna. Este projeto foi concluído em junho de 2011 e chegou a estar em testes no Tribunal da Figueira da Foz.

No entanto, o sistema informático revelou-se sem utilidade, já que entretanto tomou posse o Governo de Passos Coelho.

O sistema acabou na gaveta por culpa, em grande parte, de um relatório de maio de 2011 no qual os técnicos que desenvolveram o Citius consideraram que o Plus “perpetuava as fragilidades já existentes”, além de “uma nova série de dificuldades e constrangimentos” que deviam ser ponderados.

O mesmo Instituto das Tecnologias da Informação na Justiça fez outro ajuste direto, também em junho de 2010, mas desta vez à Accenture, para a empresa desenvolver a Aplicação de Gestão do Inquérito-Crime, num contrato que terá custado quase 1,4 milhões de euros sem IVA.

Feito em parceria com a Procuradoria-Geral da República, o projeto tinha como objetivo desenvolver uma aplicação para o Ministério Público utilizar durante a fase de inquérito. No entanto, este sistema nunca chegou a funcionar.

O Ministério Público explicou ao jornal que “a PGR levantou reservas quanto à sua estrutura e ao seu desenvolvimento à data e o executivo anterior não deu seguimento ao mesmo”.

Porém, a PGR adianta “que o AGIC não reunia as características adequadas para responder às atuais exigências de investigação criminal”. “Sete anos decorridos, o AGIC encontrava-se desatualizado na vertente tecnológica mas também quanto ao conteúdo funcional, que sofreu significativas alterações fruto das mudanças legislativas ocorridas”, acrescenta.

Ainda assim, a PGR destaca que o trabalho desenvolvido será aproveitado no projeto SIC-MP, permitindo uma “redução dos custos e do prazo necessário para o desenvolvimento de uma aplicação desta natureza”.

ZAP //

3 Comments

  1. Paga povo otário, a total incompetência dos governantes, para não falar em contra-partidas……..que “nunca” existiram…. Vamos fazer 44 anos de cleptocracia à portuguesa, upps, queria dizer “demokratur”,( traduzido para português, uma cagad@ da democracia!!!! ou democracia lat(r)ina!!!!), Paga otário e não refiles!!!!

  2. Estas situações são absolutamente comuns na administração publica e nas empresas publicas. Foi criado o site do portal base com todos os contratos adjudicados e facilmente quem conhece os organismos identifica o desperdício de milhares de milhões de euros. Mas nessa vertente não interessa aos nossos governantes cortar ou impor limites. Essa é a forma encontrada para se continuar a esbanjar o dinheiro publico à grande e à francesa com contratos externos, deixando os serviços e os seus quadros em situação deprimente. O jornalismo deveria ser para detetar e denunciar todas essas situações mas também não deve interessar muito questionar esse aumento de despesas.

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