Um homem afegão viaja 24 quilómetros diários, com as suas três filhas, para garantir que estas possam estudar. A história chamou a atenção do Governo, que decidiu homenageá-lo e construir uma escola na sua aldeia com o seu nome.
Mia Khan vive em Sharana, capital da província de Paktika, no Afeganistão, e, todos os dias, viaja 12 quilómetros na sua mota para levar as filhas à escola. Depois, espera algumas horas até que estas terminem as aulas para as levar de volta para casa. No total, são 24 quilómetros diários para garantir que as raparigas têm acesso à educação.
“Sou analfabeto e vivo com um salário diário, mas a educação das minhas filhas é muito valiosa para mim porque não há nenhuma médica na nossa região. É o meu maior desejo educá-las tal como os meus filhos”, conta ao Comité Sueco para o Afeganistão (SCA).
As três filhas deste afegão estudam na Nooraniya School for Girls, a cargo desta organização não governamental, sendo que duas estão no sexto ano e a outra no quinto. O progenitor conta que escolheu esta instituição pela qualidade do ensino.
“Eu trago as minhas filhas à escola todos os dias para que possam estudar e experienciar uma vida diferente daquela que eu e a mãe temos”, contou o progenitor ao Reporterly.
A história de Khan, de 63 anos, ganhou destaque nas redes sociais e acabou por chamar a atenção do Governo. Na semana passada, o afegão foi homenageado pelo ministro da Educação do país, Mirwais Balkhi, como se pode ver na página de Facebook da SCA.
De acordo com o jornal South China Morning Post, o ministério apelidou-o de “herói da educação” e anunciou que pretende construir uma escola com o seu nome na sua aldeia, no sudeste do Afeganistão.
Khan, que sofre de uma doença cardíaca, contou que os quatro nem sempre fazem a viagem de mota. Na verdade, muitas vezes, o percurso até à escola é feito a pé. Ainda segundo o Reporterly, é patriarca de uma família de 12, dos quais sete são raparigas.
A educação das mulheres é uma questão importante no Afeganistão. Segundo as Nações Unidas, estima-se que 3,7 milhões de crianças não vão à escola no país, sendo que 60% são raparigas.
