Orlando Figueira, o ex-procurador do Ministério Público (MP) acusado de ter recebido subornos de Manuel Vicente, o ex-vice-presidente de Angola, negou todas as acusações de que é alvo. Em tribunal, Figueira ilibou Manuel Vicente e acusou o MP de ter inventado “uma tese”.
Uma “mentira”, eis como o ex-procurador Orlando Figueira se defendeu das acusações que lhe são imputadas no âmbito da chamada Operação Fizz.
Na segunda sessão do julgamento, em que é acusado de corrupção, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e violação do segredo de justiça, Orlando Figueira afirmou que o nome de Manuel Vicente está erradamente no processo e que no seu lugar devia surgir o do presidente do Banco Privado Atlântico, Carlos Silva.
“Onde se lê Manuel Vicente na acusação, devia ler-de Carlos Silva”, salientou Orlando Figueira perante o colectivo de juízes, conforme citam o Correio da Manhã (CM) e o Observador.
“Se o Ministério Público metia o Carlos Silva em vez do Manuel Vicente deixava de haver crime de corrupção. Mas foi com ele que eu contratei o emprego”, destacou o ex-procurador a propósito do cargo que desempenhou no Banco do Atlântico, depois de ter deixado o Ministério Público.
Na defesa do ex-vice-presidente de Angola, Orlando Figueira alegou ainda que “não se percebe como é que, ele estando em Angola, tem uma varinha de condão, e consegue tratar de tudo”.
“O Ministério Público inventou uma tese”, atirou ainda, realçando que “houve uma necessidade de meter Manuel Vicente no processo”.
“Ainda bem que não se lembraram de dizer que foi o Trump que me contratou”, referiu o ex-procurador que chegou a ser admoestado por um dos juízes depois de ter dito que é “preso” de profissão.
“Suspendi a inscrição na Ordem dos advogados porque não tenho dinheiro para pagar as quotas. Estou preso e o que faço é tratar das cadelas lá de casa“, afirmou Figueira, conforme cita a revista Sábado, referindo-se ao facto de estar em prisão preventiva com pulseira electrónica.
Também garantiu que não conhece Manuel Vicente “nem directa nem indirectamente”.
Sobre os processos que o MP alega terem sido arquivados a pedido de Manuel Vicente, e a troco de compensações financeiras, Orlando Figueira assegurou que as decisões estão devidamente justificadas e que foram validadas pela então directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, Cândida Almeida, e pelo Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro.
Tese da acusação fica “em crise”
O advogado do arguido Paulo Blanco, que representou Manuel Vicente no processo de compra de um apartamento no Estoril, considera que estas declarações de Orlando Figueira “foram muito contundentes, muito rigorosas e puseram em crise a tese da acusação“.
A estratégia de defesa de Orlando Figueira passa por tentar desmontar os mais de 370 pontos da acusação, alegando que não conhece Manuel Vicente e trazendo à tona que o ex-presidente do Banco Privado Atlântico e a gestora do BPA, Graça Proença de Carvalho, podiam ter sido constituídos arguidos.
Em causa está um empréstimo concedido pelo BPA a Orlando Figueira que, na tese do MP, constituiu, na verdade, um pagamento ao ex-procurador pelos alegados favores prestados a Manuel Vicente.
O julgamento começou nesta segunda-feira, 22 de Janeiro, com o colectivo de juízes a determinar a separação do processo que envolve Manuel Vicente, após Angola se ter recusado a notificar o ex-vice-presidente do país como arguido.
ZAP // Lusa
Se calhar não seria só o Manuel Vicente. Mas também no processo do Sócrates, alguém acreditará que ninguém do seu governo sabia de nada! Hummm… eram todos assim tão palermas ou foram cúmplices? Ou também roubaram? Em que ficamos?
Vivemos num país de corruptos, ladrões autorizados, vigaristas e mentirosos. Não tinham que meter Manuel Vicente no processo!! ele faz parte do mesmo saco.
Eu repito, e não me canso, este pessoal do Bloco de Esquerda, que assumiram o controlo da justiça, fumam muitos charutos de fazer rir.
É mesmo para rir de um processo que é simplesmente um aborto da justiça