A pandemia veio mudar a forma como trabalhamos. Quase metade das empresas que aderiram ao teletrabalho tenciona manter a atividade, ou parte dela, em regime de trabalho remoto.
De acordo com um inquérito da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, divulgado esta segunda-feira, quase metade das empresas portuguesas pretende manter a sua atividade, ou parte dela, em regime de teletrabalho.
Dados do estudo Sinais Vitais, realizado em parceria com o Future CastLab do ISCTE, revelam que, das 63% de empresas que podiam adotar o teletrabalho, 92% fizeram-no, e 48% tenciona manter o teletrabalho na sua empresa de uma forma permanente, mesmo após a pandemia.
No entanto, adianta o Público, a maioria (74%) aplicou o teletrabalho parcial e não a todos os trabalhadores. Mesmo assim, 26% estiveram a trabalhar totalmente em teletrabalho.
“As empresas aderiram muito rapidamente a esta forma de trabalho. Mais de 90% das empresas que o podiam fazer, fizeram-no. Havia alguma inexperiência inicialmente, mas os resultados mostram que foram bem-sucedidas. 10% das empresas respondeu que aumentou a produtividade”, explicou Rafael Campos Pereira, vice-presidente da CIP.
Embora 10% das empresas diga que a produtividade melhorou, 43% não registou qualquer ganhou ou perda de produtividade em teletrabalho e e 31% considera que é cedo para avaliar. Os restantes 16% acham que a produtividade piorou.
Apesar disso, quase nove em cada dez empresas que recorreu a esta modelo de trabalho considera que os processos internos (de gestão, administrativos, de suporte informático) foram facilmente executados.
O inquérito da CIP revela ainda que, na situação de ter trabalhadores em teletrabalho, mais de duas em dez empresas responderam que a solução preferível seria “manter o teletrabalho todos os dias da semana, com idas pontuais às empresas”, enquanto 50% das empresas considera preferível ter situações de teletrabalho dois ou três dias da semana.
Do lado dos trabalhadores a resposta também foi favorável, com 57% das empresas a considerar que o teletrabalho teve aceitação elevada ou muito elevada por parte dos seus funcionários.
Para os gestores, a principal desvantagem do regime é a dispersão dos trabalhadores com assuntos domésticos e familiares (43%). A falta de comunicação entre equipas (30%) e a falta de controlo (15%) foram os outros fatores negativos mais referidos.
Entre as vantagens estão a redução de custos de funcionamento e com instalações (apontada por 27%), a motivação dos trabalhadores (26%) e um aumento de produtividade (15%).
O diário aponta ainda que 18% referiram outra questão relevante: a capacidade de poder contar com trabalhadores mais qualificados e que não estariam disponíveis num regime presencial, por razões geográficas ou familiares.
Em relação ao Código de Trabalho, o dirigente referiu que, para já, não há necessidade de o rever. “Por enquanto, não há necessidade de se rever o Código de Trabalho, o qual prevê um acordo entre as partes. É cedo para tirar conclusões, mas queremos fazer uma reflexão mais aprofundada.”