A chanceler alemã admitiu esta quinta-feira que o acordo de livre comércio entre os Estados Unidos e a União Europeia não será concluído agora, após a eleição de Donald Trump, opositor daquele tratado e defensor de uma política comercial protecionista.
“Sempre estive firmemente empenhada na conclusão de um acordo de comércio com os Estados Unidos, e fizemos muitos progressos nas negociações, mas não serão concluídas agora“, afirmou Angela Merkel.
A chanceler alemã esteve em conversações com o ainda Presidente norte-americano, Barack Obama, que está a realizar uma visita oficial à Alemanha, naquele que será o seu último périplo europeu enquanto chefe de Estado.
O acordo de livre comércio transatlântico está em negociação desde 2013 e era um dos principais focos da administração Obama.
Ao lado de Obama, Merkel afirmou esperar, no entanto, que o acordo seja possível “um dia”.
“Tenho a certeza que um dia poderemos voltar. O que nos une é a convicção comum de que a globalização deve ser organizada humanamente, politicamente, mas não há como voltar ao tempo antes da globalização”, reforçou a chanceler.
Da sua parte, Obama sublinhou que a Merkel foi uma parceira internacional “extraordinária”, afirmando que a política demonstrou integridade, veracidade e o reconhecimento de que ser um bom líder significava também se envolver com o mundo.
“Tudo o que posso dizer é que a chanceler tem sido uma parceira extraordinária e que a chanceler Merkel foi talvez o único líder entre os nossos aliados mais próximos que estava presente quando eu cheguei”, referiu o Presidente norte-americano.
Barack Obama acrescentou que, caso fosse alemão e Merkel fosse candidata nas eleições legislativas de 2017, votaria nela sem qualquer dúvida.
Ainda na conferência de imprensa conjunta com Merkel, Obama declarou esperar que o seu sucessor na Casa Branca, o Presidente eleito Donald Trump, “enfrente” a Rússia quando Moscovo violar as normas internacionais, numa referência aos conflitos na Síria e na Ucrânia.
“Espero que o Presidente eleito tenha a vontade de enfrentar a Rússia quando ela não respeitar os nossos valores e as normas internacionais”, declarou.
Ao citar “a violação das normas internacionais“, o governante salientou o risco de colocar “países mais pequenos vulneráveis” ou de criar “problemas a longo prazo em regiões como a Síria”.
“É um assunto sobre o qual teremos mais informações mais à frente e à medida que o Presidente eleito componha a sua equipa”, prosseguiu Obama, numa altura em que se discute a manutenção das sanções existentes contra Moscovo na sequência da crise no leste da Ucrânia.
Esta sexta e última visita oficial à Alemanha de Obama será concluída esta sexta-feira com uma minicimeira com “os mais estreitos aliados europeus dos Estados Unidos” para debater, entre outros pontos, a relação política e económica entre a Europa e Washington.
Depois de uma visita à Grécia e desta passagem por Berlim, Obama segue depois para o Peru, para participar numa cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico.
/Lusa