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Em França, o “veneno” Mein Kampf, de Hitler, vai custar 100 euros (e em cada página “há antídotos”)

Recuerdos de Pandora / Flickr

As livrarias francesas receberam recentemente um e-mail da editora Fayard, uma das mais importantes do país, a anunciar a publicação da sua “edição crítica” do livro Mein Kampf, escrito por Adolf Hitler. 

A obra, que é considerada um manifesto da ideologia racista e antissemita, será publicada no dia 2 de junho, em França. Apesar dos tabus morais que sempre pairaram sobre Mein Kampf e da perene controvérsia política, a Fayard Publishing decidiu disponibilizar o livro ao público.

Diante do dilema de não divulgar o manifesto pelo risco que isso acarreta, ou fazê-lo por ser considerado um documento histórico fundamental do século XX, as editoras francesas, como antes as alemãs, optaram por este último.

De acordo com o La Vanguardia, a nova versão francesa de Mein Kampf é fruto de quatro anos de trabalho de uma grande equipa de historiadores de prestígio. O resultado é um volume denso de cerca de mil páginas que pesa quase quatro quilos.

O compromisso ético era publicar um uma obra desconstruída através da análise dos melhores especialistas, para contextualizar a sua mensagem e “historicizar o mal”.

Daí o título: Historiciser le Mal, une édition critique de Mein Kampf. “Se o texto é um veneno, em cada página há antídotos”, disse a presidente da Fayard, Sophie de Closets.

Mas a obra não é para todos os bolsos: em França, cada exemplar vai custar 100 euros. Para a De Closets, o alto “reflete a amplitude do trabalho realizado”. Além disso, é preciso ter em conta que o livro não será vendido diretamente nas livrarias – o cliente terá de fazer o pedido à editora que, posteriormente, irá enviar a obra para casa.

Não haverá versão digital. Serão impressos 1 mil exemplares, destinados principalmente a académicos e professores.

Hitler escreveu Mein Kampf quando era prisioneiro na prisão de Landsberg, entre 1924 e 1925, após a sua tentativa de golpe fracassada contra a República de Weimar, numa cervejaria de Munique.

Liliana Malainho, ZAP //

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