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Um megatsunami devastou uma vila na Gronelândia. Três anos depois, há quem não possa voltar a casa

Em junho de 2017, Nuugaatsiaq, na Gronelândia, foi devastada por um megatsunami, cujas ondas foram desencadeadas por um enorme deslizamento de quase 30 quilómetros através do fiorde.

Embora as ondas se tivessem dissipado quando chegaram a Nuugaatsiaq, o seu efeito sobre a pequena vila de pescadores foi devastador, conta o Vice.

Imagens captadas por telemóveis dos locais mostram casas a ser erguidas das suas fundações e empurrados para o interior, antes de serem sugados para as águas congeladas; cães soltos às pressas correm desesperadamente antes de serem arrastados; e residentes em pijama correm para a segurança de um terreno mais alto.

Das 43 pessoas que viviam em Nuugaatsiaq na época do tsunami, quatro morreram e as restantes foram realocadas para a cidade vizinha Uummannaq.

Nos dias que se seguiram ao tsunami, o apoio financeiro para os deslocados chegou da Gronelândia. Os militares dinamarqueses ajudaram os residentes a recuperar todos os pertences que puderam, incluindo os cães que conseguiram sobreviver.

Após a evacuação para Uummannaq, os residentes esperavam voltar para casa assim que fosse seguro fazê-lo. Dias depois, goram convidados para uma reunião em que foram informados de que uma área ao redor do deslizamento ainda estava instável.

Mais de três anos depois, as pessoas que foram desalojadas pelo tsunami ainda não podem voltar a casa. Secções da rocha estão instáveis e podem desabar novamente, um sintoma do aquecimento do clima na região.

Em agosto, o manto de gelo da Gronelândia passou por um ponto crítico sem retorno. Investigadores da Ohio State University determinaram que a neve que repõe o gelo não será mais capaz de acompanhar o volume que está a perder. Em setembro, uma secção de gelo com quase 110 quiómetros quadrados quebrou da maior plataforma de gelo remanescente do Ártico no nordeste da Gronelândia, devido ao aquecimento das águas.

Num relatório de dezembro da Universidade de Liege, novos modelos climáticos estão a prever um derretimento 60% maior do manto de gelo da Gronelândia do que o previsto anteriormente.

Apesar das promessas iniciais de apoio de longo prazo, muitos sentem-se dececionados com o Governo, que dizem nunca ter cumprido a promessa de compensação por propriedades e despesas. Uma das famílias pagou do próprio bolso tudo, exceto a casa, incluindo o aluguer de uma propriedade na cidade até que uma casa permanente fosse fornecida, bem como novos móveis que substituiram os que tiveram de deixar para trás.

Cientistas que estudaram o megatsunami de 2017 dizem que, embora eventos como este ainda sejam incomuns, os efeitos do aquecimento global vão resultar em mais deslizamentos de terra e um aumento drástico no nível do mar, tanto na Gronelândia como noutros lugares.

Maria Campos, ZAP //

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