O presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) denunciou, esta quarta-feira, uma “imoral pressão de índole económica” sobre os médicos de medicina geral e familiar para que estes sejam “restritivos na solicitação dos exames necessários, nomeadamente colonoscopias”.
A propósito do Dia Europeu de Luta Contra o Cancro do Cólon, José Cotter alertou para o facto de estas “restrições” trazerem “consequências graves para os cidadãos, uma vez que não permitem o diagnóstico atempado da doença”.
Estas restrições “também se podem virar contra os próprios profissionais de saúde por razões de responsabilidade médico-legal”, acrescentou.
“A prevenção do cancro do intestino tem uma grande vantagem sobre os demais cancros, que se relaciona com o facto de através de uma colonoscopia ser possível detetar as lesões pré-malignas (pólipos) e removê-las num mesmo tempo, obtendo a cura”, disse.
De acordo com o gastrenterologista, tal “impede o desenvolvimento das lesões até à fase do cancro, com subsequente necessidade de cirurgia e outros tratamentos (quimioterapia e radioterapia, mais frequentemente)”.
Para a efeméride, o presidente da SPG gostaria de passar a mensagem de que “a prevenção do cancro do colon é possível e tremendamente eficaz, desde que o cidadão adira ao que está recomendado”.
O cancro do cólon e do reto é o que mais mortalidade provoca em Portugal. Só em 2014, houve sete mil casos da doença, com a mortalidade a cinco anos a ser de 50%.
Para José Cotter, estes números devem-se “à falta de prática de um quotidiano sadio, com combate à obesidade, ao sedentarismo, ao tabagismo e em contraponto ao estimulo de uma alimentação saudável do tipo da dieta mediterrânica com privilegio das hortaliças, frutas, cereais, azeite, peixe e líquidos em abundancia, associados a exercício físico regular”.
“Existe uma prevenção secundária deficiente com défice de cidadãos rastreados no momento certo”, destacou.
“Torna-se necessário implementar um rastreio organizado, ainda que tenha de ser criada uma linha de financiamento específica, que seria «amortizada» em vidas humanas, diminuição do absentismo, poupança com tratamentos e melhoria da qualidade de vida das populações”, prosseguiu o presidente da SPG.
Segundo José Cotter, “vários exames são possíveis de fazer, mas, com exceção da colonoscopia, todos se revelam muito insuficientes para a deteção das lesões pré-malignas atrás citadas”.
“E esse é o objetivo que deve ser perseguido. Porque detetar um cancro precoce, se bem que sendo melhor do que diagnosticá-lo em fase avançada, já vai implicar cirurgia e tratamentos que condicionam muito a qualidade de vida e apenas permitem que esta doença tenha uma sobrevivência global aos cinco anos de cerca de 50%”, concluiu.
/Lusa
Penso que infelizmente a classe médica se “esqueceu” que unida consegue tudo em prol dos doentes. O 1º grande problema é que é uma classe muito desunida e o 2º é que muitos médicos se deixaram contaminar pelo vírus do economicismo, quando oo ÚNICO objectivo que deverá nortear a actuação médica é o doente! Eu sei que este discurso pode parecer obsoleto, mas quando calha algum elemento de qualquer Governo ou seu familiar adoecer, o caso muda de figura e o meu discurso volta a fazer sentido!… Aí não se fala em poupanças…
Eu sei que somos um país pobre. Eu sei que não existem recursos para pagar a inovação. Soluções existem várias mas até hoje ninguém teve coragem política para implementar uma única: Fechem-se hospitais (não podemos ter um hospital a cada esquina – nos paísese civilizados tal não acontece) e redistribuam-se os recursos, resolvendo o problema de falta de profissionais e de equipamentos. Além disso é mais fácil conseguir a excelência quando a concentração de profissionais e de doentes permite tratar melhor; Cortem-se empresas públicas que duplicam, triplicam, quadriplicam o mesmo trabalho; Utilize~-se os recursos da Administração Pública e parem de contratar consultores, firmas de advogados, etc, habitualmente de amigos pessoais, partidários, do avental ou do cilício, que custam fortunas ao Estado e simultâneamente representa passar um atestado de incompetência aos bons profissionais do sector público; Finalmente, já que alegadamente (como agora tem que se dizer) existe muita corrupção, implementem-se mecanismos de controle duríssimos para evitar que se roube tanto!
Se fizerem isto estou certo que haverá dinheiro para termos a saúde que todos merecemos e para a qual todos contribuímos!
PS – E existe ainda um outro factor grave de desperdício, do qual dou alguns exemplos: o Hospital de Arroios está abandonado há décadas! O terreno vale uma fortuna. O que foi feito até hoje? Que eu saiba NADA! Idem para o Hospital do Desterro. Idem para S. Lázaro, etc. Os Hospitals Civis de Lisboa (S. José, Capuchos), provisórios desde o terramoto de 1755 pela destruição do Hospital de Todos os Santos, continuam a receber investimentos avultados para se manterem de pé e a funcionar. Nunca passaram nem passarão de conventos adaptados. Com o dinheiro que já se lá investiu ao longo não de décadas mas de séculos, juntamente com a venda dos respectivos terrenos, quantos hospitais novos já se tinham construído?