/

Médico infetou mais de 500 pessoas com VIH no Paquistão

Marcelo Camargo / ABr

As autoridades paquistanesas ainda não sabem se o médico que infetou mais de quatrocentas crianças e cem adultos com VIH o fez de propósito ou por negligência. Para já, o homem encontra-se preso, e é possível que venha a enfrentar acusações de homicídio deliberado.

Foi no princípio de abril que começou a ser detetada uma quantidade substancial de casos de VIH numa zona extremamente pobre de Lakarna, na província de Sindh. Lançada uma investigação, constatou-se que muitas das pessoas em questão tinham ido ao mesmo médico, informou o Expresso no domingo.

Testes subsequentes feitos a pacientes revelaram que mais de 500 pessoas tinham contraído HIV. Um número extraordinariamente elevado num país onde os índices da epidemia se têm mantido relativamente baixos, mau-grado um recente aumento acelerado.

O médico pediatra Muzaffar Ghangharo terá usado repetidamente a mesma seringa, sem cuidar sequer de a desinfetar. Como ele próprio tem VIH, põem-se questões sobre qual foi a sua intenção, se é que houve alguma. O responsável nega taxativamente ter querido causar danos a quem quer que fosse.

As autoridades, para já, falam de Muzaffar Ghangharo como um charlatão. Segundo uma declaração da UNAIDS, um programa das Nações Unidas, o país tem em atividade cerca de 600 mil médicos não qualificados, dos quais 270 mil só na província de Sindh. Um problema bastante agravado pela pobreza, sobretudo em zonas rurais onde muita gente tem dificuldade em conseguir assistência médica.

Além das questões de saúde, a SIDA pode representar uma forma de morte social, em especial para as mulheres. Como explicou a mãe de uma menina infetada de quatro anos, citada pelo Daily Mail, “com quem é que ela vai brincar? E quando crescer, quem vai querer casar com ela?”.

TP, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.