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May estende a mão a Corbyn para pedirem juntos novo adiamento do Brexit

Will Oliver / EPA

Theresa May, primeira-ministra britânica

Theresa May pretende pedir a Bruxelas uma nova data de saída da União Europeia, de modo a “quebrar o impasse” que se vive no Parlamento britânico.

A primeira-ministra britânica não podia ter sido mais assertiva quando declarou: “Vou tomar medidas para desbloquear o impasse”. Foi desta forma que Theresa May anunciou o que entende ser a solução ideal: chamar Jeremy Corbyn para, juntos, encontrarem uma forma de explicar à União Europeia que é necessário adiar novamente a saída do Reino Unido, agendada para dia 12 deste mês.

Depois de mais uma noite turbulenta de votações na Câmara dos Representantes, em Westminster, em que todas as alternativas ao acordo do Brexit foram novamente chumbadas, Theresa May falou esta terça-feira ao país para assumir ser necessária uma nova estratégia de prorrogação do divórcio, desta vez até ao dia 22 de maio.

“Apesar dos melhores esforços dos deputados, o processo que a Câmara dos Comuns tentou liderar não trouxe uma resposta. Por isso, proponho sentar-me com o líder da oposição para tentarmos acordar um plano que ambos possamos apoiar e que garanta que saímos da União Europeia com um acordo”, afirmou a primeira-ministra.

May prevê apresentar os planos já na próxima semana no Conselho Europeu extraordinário. No entanto, e à semelhança do que aconteceu em encontros anteriores, a primeira-ministra britânica não abdica de condicionar as discussões com Corbyn ao “atual acordo de saída”, chumbado três vezes na Câmara dos Comuns e que “a União Europeia já disse repetidamente que não poderá ser reaberto”.

A novidade desta proposta é, portanto, uma abertura para negociar com o líder da oposição uma “abordagem para a relação futura” entre Londres e Bruxelas. Ainda assim, é incerto se May está disposta a virar a sua atenção para a permanência do Reino Unido numa união aduaneira com a União Europeia.

Contudo, segundo o Público, esta nova estratégia de Theresa May não agradou a ala eurocética do partido e não reuniu o mínimo consenso em Downing Street, uma vez que, pelo menos, 14 ministros afirmaram ter dúvidas e estar contra o novo adiamento de saída. Para os menos felizes com a estratégia, o caminho a seguir deveria ser o de forçar os deputados a aprovar o acordo que existe ou, pelo contrário, uma saída sem acordo.

No entanto, o futuro não está totalmente dependente de Corbyn. May prometeu que, em caso de fracasso das conversas, passará a bola aos deputados e aceitará o seu veredito, ainda que com certas condições.

“Se não acordarmos uma abordagem única para o Brexit, iremos acordar várias opções para a relação futura, que possamos apresentar à Câmara dos Comuns, numa série de votações que determinem que caminho devemos seguir. O Governo estará preparado para acatar a decisão do Parlamento, mas para que o processo funcione, a oposição deve aceitar também o fazer”, propôs.

Corbyn respondeu ao estender de mão de May e aceitou conversar. “Vamos reunir-nos com a primeira-ministra. Reconhecemos que deu um passo e eu reconheço as minhas responsabilidades de representar as pessoas que apoiaram o Labour nas últimas eleições.”

Desta forma, o plano a debater com Jeremy Corbyn será posteriormente colocado a votos na Câmara dos Comuns antes de 10 de abril, data em que a União Europeia agendou um Conselho Europeu de emergência para avaliar a situação de decidir o que fazer a seguir, tendo em conta que, atualmente, a data de saída do Reino Unido da UE é 12 de abril.

Os líderes europeus têm reiterado que uma prorrogação mais longa implicaria que o Reino Unido realize eleições para o Parlamento Europeu, em maio. No entanto, Donald Tusk já reagiu a esta declaração de May.

O presidente do Conselho Europeu escreveu no Twitter que “mesmo que, depois de hoje, não saibamos qual será o resultado final, sejamos pacientes“.

LM, ZAP //

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