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Álbum dos Massive Attack vai ser gravado (quase para sempre) em moléculas de ADN

nrk-p3 / Flickr

Daddy G, um dos vocalistas da banda britânica Massive Attack

Uma das bandas pioneiras do chamado estilo musical “trip hop” vão ter o seu álbum “Mezzanine”, lançado há 20 anos, convertido em moléculas de ADN.

“Mezzanine”, o terceiro álbum dos ingleses Massive Attack e o mais aclamado pelo público, foi lançado há 20 anos. Para assinalar a ocasião, a banda de Bristol decidiu converter o trabalho lançado em 1998 em moléculas de ADN.

“Este método permite-nos arquivar a música por centenas ou milhares de anos”, explica Robert Grass, professor do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH), na Suíça, responsável pelo projeto, citado pelo site Futurity.

Juntamente com o colega Reinhard Heckel, que agora trabalha na Rice University, no Texas, Estados Unidos, o investigador traduziu o áudio digital do álbum em código genético.

“Enquanto que a informação armazenada num CD ou disco rígido é uma sequência de zeros e uns, a biologia armazena informação genética numa sequência dos quatro blocos de construção do ADN: A, C, G e T”, explica o cientista.

Grass trabalhou neste projeto com recurso a um ficheiro de música que compactou em 15 megabytes através do formato de codificação Opus, um software de compressão para ficheiros áudio qualitativamente superior ao conhecido MP3.

(dr) Robert Grass / ETH Zurich

Uma parte do código genético do álbum “Mezzanine”

Agora, uma empresa norte-americana está a tratar de produzir 920 mil fitas curtas de ADN, que juntas contêm todas as informações do álbum “Mezzanine”. O TurboBeads, empresa que pertence à ETH, vai depois despejar essas moléculas em cinco mil esferas de vidro minúsculas (de tamanho nanométrico), cada uma contendo parte dessa informação.

Grass, que desenvolveu esta tecnologia com Heckel há três anos, acredita que o trabalho vai estar concluído daqui a um mês ou dois. A primeira experiência dos dois cientistas foi armazenar o texto do Pacto Federal, carta de 1291 que dá início à formação da Suíça, numa dessas pequenas esferas de vidro para um estudo de viabilidade técnica.

“O que há de novo neste projeto com os Massive Attack é que esta tecnologia agora também está a ser usada comercialmente”, afirma Grass. O álbum da banda britânica será o segundo maior ficheiro do mundo alguma vez armazenado em ADN. O primeiro é um conjunto de ficheiros da Microsoft com mais de 200 megabytes.

As cinco mil esferas de vidro do álbum são invisíveis a olho nu e vão ficar numa pequena garrafa, com uma vida útil praticamente eterna. O ADN pode ser removido das esferas a qualquer momento, permitindo o uso do sequenciamento do ADN para ler o arquivo de música armazenado e reproduzi-lo num computador.

“Comparado com os sistemas tradicionais de armazenamento de dados, é bastante mais complexo e caro armazenar informações em ADN. Porém, uma vez armazenadas, podemos fazer milhões de cópias de forma rápida e económica, com o mínimo de esforço”.

ZAP //

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