“Massacre” de 540 animais na Torre Bela continua sem arguidos

O inquérito do Ministério Público à montaria na Quinta da Bela, na Azambuja, que resultou na morte de 540 animais, continua sem arguidos um ano depois.

Cerca de 540 animais, entre os quais javalis, gamos e veados, foram mortos numa montaria de 16 caçadores que ocorreu nos dias 19 e 20 de dezembro de 2020, na Quinta da Torre Bela, na Azambuja.

Agora, um ano depois, o inquérito aberto pelo Ministério Público às condições em que se realizou a montaria ainda está a decorrer e não tem arguidos, escreve o Público.

As fotos da caçada foram publicadas, na altura, nas redes sociais e os autores acompanharam-nas com uma descrição que dava conta de um “super recorde”. Na legenda pode ler-se “conseguimos novamente! 540 animais com 16 caçadores em Portugal! Um recorde!”.

A empresa promotora de um parque de painéis fotovoltaicos a construir na herdade da Torre Bela disse que a montaria não afetava o estudo de impacto ambiental. Em junho deste ano, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) aprovou o projeto para construir a futura central.

Ainda assim, a montaria gerou uma grande revolta.

O Governo, pelas mãos do ministro João Matos Fernandes, anunciou que ia revogar de imediato a lei da caça, depois da “gabarolice de um ato vil”. Isto resultou em normas mais “apertadas” para a realização e acompanhamento das montarias. Além disso, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) também abriu um inquérito e suspendeu as licenças da Zona de Caça Turística da Torre Bela.

Um ano depois da polémica ter estalado, pouco ou nada parece ter sido feito para averiguar responsabilidades.

“As diligências de investigação prosseguem, não tendo havido lugar à constituição de arguidos”, disse a Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Público. Haverá dificuldades na audição dos envolvidos, uma vez que os organizadores e os 16 caçadores participantes serão todos de nacionalidade espanhola.

Haveria também selos de caça para boa parte dos animais abatidos e não se saberá qual terá sido o destino dos cadáveres dos 540 animais, que terão sido transportados para Espanha.