Rendimento do avançado da Juventus tem ficado aquém das expectativas dos adeptos e jornalistas espanhóis. Nos casos mais extremados, as redes sociais do jogador têm sido palco de ameaças contra o próprio e respetiva família, o que levou Luís Enrique, selecionador espanhol, a apelar à intervenção da polícia.
A má sorte de Álvaro Morata no Europeu de 2020 começou a moldar-se logo no primeiro jogo de La Roja, contra a Suécia. Foram duas as oportunidades desperdiçadas pelo próprio num empate a zeros que teimou em se arrastar pelos 90 minutos apesar do total domínio espanhol — nuestros hermanos trocaram a bola entre si 970 vezes enquanto que a Suécia o fez em 162 ocasiões.
O resultado e a exibição, sobretudo, foram suficientes para dar inicio a um coro de críticas que se alastrou por quase toda a Espanha, que chegam ao jogador através das redes sociais, e que contou com a ajuda de uma insaciável imprensa desportiva.
Com o ruído a crescer em torno da equipa, Luís Enrique saiu em defesa do jogador, afirmando que no jogo seguinte, contra a Polónia, seriam “Morata e mais dez”.
No entanto e mesmo com a demonstração pública de apoio por parte do selecionador, o rendimento do avançado (e da própria equipa) continuou a ficar aquém das expectativas: assinou um golo no empate a uma bola contra a Polónia, no segundo jogo disputado em casa, na cidade de Sevilha.
Findo o encontro e em declarações aos jornalistas, o avançado pôde finalmente defender-se das críticas e explicar quais os mecanismos que tem vindo a utilizar para se resguardar da tormenta mediática. “Eu encarei esta situação com normalidade, a opinião das pessoas não altera a minha disposição. Eu tenho vindo a trabalhar desde os sub-17 para estar aqui e jogar estes torneios. Eu não posso ser gostado por todos”, reagiu.
Morata reconheceu ainda que os resultados pouco conseguidos da seleção, apesar das boas prestações, têm tido algum impacto no seu bem-estar. “É normal que, quando empatas um jogo e sentes que merecias ganhá-lo, te custe a dormir.”
No entanto, numa entrevista dada à rádio Cope e citada pelo Expresso, o jogador da Juventus revelou os verdadeiros contornos da sua situação. “Estive nove horas sem dormir antes do jogo frente à Polónia. Recebi ameaças, insultos à minha família. Disseram que oxalá os meus filhos morressem”, relatou.
O avançado pediu mesmo aos adeptos que se colocassem no seu lugar para que “compreendessem como é” e revelou estar a receber ajuda psicológica. “É muito bom ter uma pessoa que compreende e que te ouve sempre que é preciso.”
Com a vitória contundente no último jogo da fase de grupos, 5-0 contra a Eslováquia, Espanha carimbou a tão desejada passagem aos oitavos de final — irá jogar esta noite contra a Croácia.
Na antevisão do encontro, Luis Enrique mostrou-se novamente ao lado do jogador, caracterizando os comentários e as mensagens deixadas ao jogador nas redes sociais de “muito graves”, como noticia o The Guardian. “A situação deveria ser colocada nas mãos da polícia. Trata-se de um crime muito grave e espero que haja alguma intervenção”, apelou.