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Marisa Matias e João Ferreira não quiseram “cavar diferenças” na disputa pelo segundo lugar das esquerdas

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Pedro Pina / RTP

Marisa Matias e João Ferreira aquando do debate de candidatos às Presidenciais 2021.

Marisa Matias e João Ferreira mantiveram uma conversa morna, quase como num serão entre amigos, no quentinho da lareira, numa noite muito fria. No debate dos dois candidatos que disputam o segundo lugar da esquerda nas eleições presidenciais, foram poucas as divergências.

Numa noite de muito frio, foi bastante morno o debate televisivo entre Marisa Matias e João Ferreira, os candidatos apoiados por Bloco de Esquerda (BE) e PCP, no âmbito da corrida às eleições presidenciais deste ano.

Foram mais as concordâncias do que as divergências entre os dois concorrentes por aquele que será o segundo lugar das candidaturas de esquerda, atrás de Ana Gomes.

Um dos poucos pontos divergentes entre os candidatos que representam os antigos aliados da geringonça foi o Orçamento de Estado para 2021 (OE2021), discussão onde o PCP se absteve, ajudando a passar o documento, e o BE votou contra.

“As preocupações são comuns, mas as perspectivas de as encarar não“, resumiu João Ferreira no debate televisivo na RTP1.

Marisa Matias aproveitou o assunto para lançar uma farpa ao PCP sem mencionar o partido, lamentando “que a esquerda não tivesse sido mais firme” e realçando que “se tivesse sido havia problemas já resolvidos” no Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente quanto à saída de médicos reformados e ao reconhecimento da carreira dos auxiliares de saúde.

Na resposta, João Ferreira assumiu o mesmo tom amargo e com uma farpa aos bloquistas, também sem referir o nome do partido. “Valorizo os que não desistem a meio do combate”, salientou.

Sobre o OE2021, o candidato do PCP notou que apesar das “insuficiências”, houve avanços como a contratação de mais profissionais de saúde.

Marisa Matias e João Ferreira concordaram nos elogios ao SNS e aos especialistas que têm acompanhado a pandemia, bem como nas críticas ao Governo por não avançar com mais apoios económicos.

Também alinharam pelo mesmo discuso no âmbito da decisão da Galp de encerrar a refinaria em Matosinhos, concordando que pode ser bom para o ambiente, mas mau para os trabalhadores, e reclamando a importância de defender os seus direitos e os postos de trabalho.

Sobre os problemas ambientais, João Ferreira atirou que são “bandeirinhas de propaganda apenas quando convém”.

E Marisa Matias acrescentou, em jeito de concordância, que “a questão da descarbonização é usada, muitas vezes, como um slogan vazio“.

Mesmo naqueles assuntos onde bloquistas e comunistas mais divergem, designadamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adopção por casais homossexuais, a despenalização do consumo de drogas leves e o fim das touradas, não houve vontade de explorar as diferenças.

João Ferreira até salientou que “existem diferenças, mas não vale a pena cavar diferenças onde elas não existem”.

Os dois candidatos também revelaram alguma falta de sintonia no que se refere à possibilidade de um novo confinamento por causa da pandemia, com Marisa Matias a atacar novamente o PCP.

A candidata do Bloco realçou que compreende “as insuficiências” sublinhadas pelos comunistas como justificação para o voto contra a renovação do Estado de Emergência, mas lembrou que é preciso “reduzir os contágios”.

“Não compreendo que se pode votar contra essas medidas e ao mesmo tempo se peça às pessoas para reduzir os contactos sociais”, concluiu.

Susana Valente, ZAP //

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1 Comment

  1. Conclusão: um chorrilho de futilidades e questões acessórias, para esconder o verdadeiro foco desta esquerda extremista, que é o ódio à individualidade e a qualquer iniciativa privada, para manter o poder exclusivamente nas mãos de uns quantos privilegiados do sistema, a quem o poder e a riqueza é entregue numa democracia simulada (vejam o recente caso do procurador europeu, ou países como a Venezuela.). O resto do povo mantém-se como esta esquerda gosta: pobre e miserável, para que se possa ter muita pena deles.

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