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Maré de algas invadiu praias do Algarve

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Joseolgon / Wikimedia

Praia dos Caneiros, em Lagoa, no Algarve

Além de a água do mar mais fria do que o habitual, as praias foram invadidas por algas. O fenómeno natural causou estranheza e preocupação entre os banhistas, mas não existem riscos para a saúde.

No início do mês, a zona costeira do Algarve, sobretudo o sotavento algarvio, foi invadida por uma elevada concentração de algas, que foram motivo de preocupação para os banhistas. “Não é uma situação normal, mas acontece. Há uma série de anos que não se via um desenvolvimento tão grande, mas é algo que já aconteceu muitas vezes”, explicou Rui Santos, professor na Universidade do Algarve, ao Diário de Notícias.

As algas acumulavam-se na zona da rebentação das ondas e ficavam espalhadas pelo areal. Segundo o também investigador do Centro do Ciências do Mar (CCMar) da Universidade do Algarve, as algas verdes (Ulva sp.), que se encontravam no sotavento algarvio, são organismos que “se desenvolvem dentro da ria quando existem condições propícias”. Refere-se a concentrações elevadas de nutrientes e às condições ideais de luz e temperatura.

“Há anos em que se desenvolvem bastante na ria, crescem e são exportadas e depositadas pelas correntes nas praias.” Tanto acontece na costa algarvia como no sul de Espanha. “Tem tudo que ver com a carga de nutrientes. A ria é um recetor dos efluentes urbanos, das ETAR, que têm cargas elevadas de nutrientes”, esclarece Rui Santos.

Na zona de Albufeira, por exemplo, as algas eram mais escuras, o que, de acordo com o investigador, está relacionado com o facto de serem provenientes “das zonas rochosas”. Tal como as da ria, desenvolvem-se quando há uma concentração elevada de nutrientes.

A temperatura da água, que neste mês tem estado mais fria do que o habitual, também pode ajudar a explicar o fenómeno. O vento que soprou intensamente durante muitos dias seguidos fez que as águas mais profundas subissem à superfície perto da costa. E estas águas são “mais frias e têm mais nutrientes, o que é propício para o desenvolvimento das algas”.

É difícil prever qual a evolução da situação, mas, segundo Rui Santos, a subida da temperatura esperada para estes dias “é capaz de ser benéfica para não fomentar o crescimento das algas”, uma vez que haverá menos condições para a água fria vir para a superfície junto à costa.

Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), adiantou ao DN que a situação está “mais ou menos debelada”. “As algas causam estranheza e preocupação, até que as análises confirmem que não provocam danos à saúde”, refere o representante, ressalvando que as autoridades de saúde confirmaram que estes organismos não representavam riscos para a saúde pública.

Do ponto de vista do turismo, apesar de serem motivo de reclamações, as algas “não têm muito impacto negativo na imagem da região. Não criam descontentamento generalizado ou pânico”.

Rui Santos refere que “quando se depositam, as algas apodrecem e, ao entrar em decomposição, cheiram mal porque libertam gás sulfídrico“. Se for em quantidades muito elevadas, esta acumulação pode até ser tóxica. Contudo, seria necessária uma quantidade muito grande para causar problemas.

Para ajudar a resolver a situação, alguns municípios, como o de Vila Real de Santo António, reforçaram a limpeza das praias nos últimos dias.

Em junho, uma maré vermelha de algas obrigou a interditar algumas praias do Algarve, entre Faro e Vilamoura. A espécie em causa era a Lingulodinium polyedrum.

ZAP //

1 Comment

  1. As praias do Algarve estão cheias de algas e não só: também muita porcaria da bexiga, dos intestinos, do aparelho uro-genital, etc. É um lodaçal onde as multidões mergulham, alienados pela noção de férias. Há 70 anos atrás, o Algarve era um paraíso, com pinhais e campos de cultivo até junto dos areais, as águas eram cristalinas e cheiravam a iodo, não havia esgotos nem turistas e todos os detritos iam para compostagem a fim de criar estrume para fertilizar os campos. Que tempo bom que não volta mais. Chegava a andar cinco horas a cavalo por areais sem fim e de, vez em quando dava um mergulho, onde a beleza das águas mais me atraía. De longe a longe, um grupo de campesinas vinha banhar-se, algumas todas nuas e muito capitosas. Era realmente um tempo bom, cheio de paz!

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