/

Marcelo quer aproveitar subida de Adão e Silva a ministro para celebrar o controverso 25 de Novembro

4

Miguel A. Lopes / Lusa

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa na sessão solene comemorativa do 43º aniversário do 25 de Abril

Marcelo Rebelo de Sousa defende a comemoração oficial do 25 de Novembro de 1975, uma data cujos contornos são, ainda hoje, controversos. O Presidente da República vai aproveitar a substituição de Pedro Adão e Silva na presidência da Comissão Executiva das Comemorações do 25 de Abril para vincar essa intenção.

O Presidente da República considera que o 25 de Novembro de 1975 também cabe nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, embora não já no início que vai ser dedicado aos antecedentes da revolução.

Em resposta a questões dos jornalistas, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, onde assistiu à antestreia do filme “Salgueiro Maia – O Implicado”, de Sérgio Graciano, Marcelo adiantou que ainda não fechou o processo de escolha da Comissão Nacional das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que lhe compete nomear.

Pedro Adão e Silva presidia a esta Comissão, mas deixou de o fazer para se tornar ministro da Cultura no novo Governo de António Costa. Marcelo diz que tem “ideias sobre a matéria”, mas que ainda não tomou decisões. Uma das possibilidades passa por ser ele próprio a presidir a este órgão, algo que não confirma.

Mas Marcelo tem a certeza de que o 25 de Novembro de 1975 “cabe” nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.

Para já, as celebrações estão fixadas “na fase anterior” à Revolução dos Cravos, “não é a do processo revolucionário em si mesmo”, mas “nos antecedentes do 25 de Abril: o movimento estudantil, os movimentos religiosos, os movimentos dos trabalhadores, a contestação política, a oposição política, a repressão”, nota Marcelo.

“Depois há-de chegar o momento que tem a ver com a iniciativa dos capitães, o movimento dos capitães, o Movimento das Forças Armadas (MFA), e depois o processo dentro da revolução”, acrescenta o Presidente da República.

“O 25 de Novembro é posterior ao 25 de Abril, cabe no processo revolucionário, merece, naturalmente – eu sempre o assinalei –, mas não cabe no início que é a pré-história da pré-história do 25 de Abril. Cabe depois“, destaca ainda.

Esta postura contraria aquela que era a ideia de Pedro Adão e Silva que afastava qualquer comemoração do 25 de Novembro, considerando que “as datas fracturantes não se comemoram”.

Os acontecimentos do 25 de Novembro de 1975 são ainda hoje polémicos. Esse dia marcou o fim do chamado PREC (Processo Revolucionário em Curso) quando um regimento militar comandado pelo então tenente-coronel Ramalho Eanes travou um golpe militar que terá sido organizado pela extrema-esquerda.

Contudo, não há um consenso sobre quem estaria de facto por trás desse golpe militar.

Adão e Silva “ainda nem gatinharia”

Para a socialista Ana Gomes, “celebrar o 25 de Novembro é também celebrar o 25 de Abril”, notando que o afirma como alguém que “o viveu activamente”, ao lado de figuras como Mário Soares e quando Adão e Silva “ainda nem gatinharia”.

Assim, Ana Gomes aconselha o ministro da Cultura a não “distorcer a História”. “Aquele dia não dividiu: de facto uniu todos os que queriam democracia”, conclui.

O deputado do PSD Nuno Carvalho também defende que “foi o 25 de Novembro que consolidou a democracia como via única“, conforme declarações divulgadas pelo Observador.

Contudo, do lado do PCP, há alguma relutância em assinalar o 25 de Novembro até porque o golpe militar travado foi associado ao partido, embora isso tenha sempre sido desmentido de forma veemente.

o CDS e o Chega chegaram a propor que a data se assinalasse com um feriado nacional.

Em 2020, o Presidente da República evocou os 45 anos do 25 de Novembro, considerando que foi uma “data ponte” determinante para a institucionalização da democracia em Portugal.

Contudo, em 2019, Marcelo tinha sido uma das vozes a manifestar-se contra a celebração de uma data que poderia ser “fracturante” na sociedade portuguesa.

ZAP // Lusa

4 Comments

  1. O 25 de Novembro controverso e fraturante????
    Só porque evitou uma ditadura de esquerda? Então só pode ser fraturante porque o PCP não apoia, tal como não apoia a condenação da Rússia pela invasão infame da Ucrânia.

  2. E agora o que somos?
    Os corruptos da Europa. Os políticos incompetentes da Europa.
    Foi a partir daí que se fez o assalto do dinheiro dos contribuintes por essa máquina política.
    E não tenho nada a ver com partidos.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.