Escreve o semanário Expresso esta segunda-feira que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o antigo chefe de Estado Ramalho Eanes são contra comemorações no 25 de novembro, data que assinala o fim do PREC (Processo Revolucionário em Curso), em 1975.
O jornal fala das posições de ambos quanto ao tema, dando conta de um almoço privado entre os dois. Marcelo Rebelo de Sousa, escreve o jornal, quer evitar qualquer aproveitamento deste data que pode radicalizar querelas entre direita e esquerda.
Ramalho Eanes, um dos protagonistas da data em causa, acha um erro remexer em memórias que nunca foram consensuais, ao contrário do que acontece com o 25 de abril.
“Entendo que os momentos fraturantes não se comemoram, recordam-se. E recordam-se apenas para se refletir sobre eles”, disse, em 2005, citado pelo Expresso.
Posição semelhante tem o militar de Abril Vaso Lourenço: “Os acontecimentos e as datas que unem devem ser comemorados, caso do 25 de Abril, e os acontecimentos e as datas que dividem não o devem ser, mas apenas recordados para com eles aprendermos”, lê-se num texto divulgado por Vasco Lourenço sobre a data do movimento militar que ditou o princípio do fim da revolução, em 1975.
“Sou adepto da comemoração do 25 de Abril e sou contra a comemoração do 25 de Novembro”, pode ler-se no mesmo documento citado pela agência Lusa.
O partido Chega, que tem como deputado único André Ventura, anunciou este sábado que celebrará a tentativa de golpe militar de 25 de Novembro de 1975, numa cerimónia no Auditório Almeida Santos, na Assembleia da República.
Na proposta ao parlamento, o Chega defendeu que é necessário fazer justiça “à história de Portugal, aos portugueses, à democracia e ao Estado de Direito democrático”, solicitando que se fizesse também uma “homenagem ao Regimento de Comandos da Amadora, bem como a todos aqueles que a 25 de Novembro (…) contribuíram para que hoje possamos festejar o dia em que a liberdade (…) nos foi finalmente devolvida”.
Na mesma nota, a direção do partido lamenta que “outros partidos, bem como o sr. Presidente da República, nunca tenham dado qualquer importância ao 25 de Novembro”.
O CDS, por sua vez, defende que o o Parlamento promova anualmente uma sessão evocativa da data. A Iniciativa Liberal concorda que o dia seja assinalado, promovendo a este propósito uma Festa da Liberdade no concelho de Oeiras.
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Ainda de acordo com o Expresso, a esquerda rejeita as celebrações, enquanto o PS se mostra hesitante. Com tudo, nota o semanário, a discussão sobre o tema voltou.
O 25 de Novembro de 1975 ditou o fim do chamado “período revolucionário em curso” ( PREC) um movimento militar contra um possível golpe militar de extrema-esquerda, tese ainda hoje contestada pela chamada “esquerda militar”, que saiu derrotada.
Um dispositivo militar, com base no regimento de comandos da Amadora, sob a direção do então tenente-coronel Ramalho Eanes, futuro Presidente da República, travou a tentativa de sublevação de unidades militares conotadas com setores da extrema-esquerda.
Ao fim da tarde, foi decretado o estado de sítio em Lisboa.
Claro que não convêm molestar a extrema-esquerda, há que fingir que são partidos democráticos e aceitá-los como tal!