Entre inúmeras ‘selfies’ e cumprimentos, que demoraram horas, o Presidente da República bebeu este domingo a tradicional ginjinha no Barreiro, em Setúbal, e brindou “à paz” acompanhado do cardeal Américo Aguiar.
Este sábado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez uma visita à Tasca da Galega, local escolhido para degustar a ginjinha do Barreiro, no distrito de Setúbal.
Assim que chegou ao local, e como já é também habitual nesta ocasião, foi ‘engolido’ por centenas de pessoas que o aguardavam para as desejadas ‘selfies’ que já se tornaram numa espécie de imagem de marca do chefe de Estado.
“Este ano vou brindar à paz, acho que é a coisa mais importante no mundo, vai ser a paz porque se não tivermos paz temos crise económica e financeira constante no mundo, na Europa e em Portugal”, antecipou Marcelo em declarações aos jornalistas.
Uma curta caminhada de poucos minutos separavam o local onde se encontrava o chefe de Estado da entrada da Tasca da Galega, mas entre cumprimentos e fotografias, Marcelo Rebelo de Sousa apenas entrou pela porta cerca de duas horas depois.
À chegada à tasca, Marcelo lembrou que desde que é Presidente da República que vem a este local na véspera de Natal, tradição apenas interrompida em 2021, devido à pandemia da covid-19. Nesse ano, a ginjinha foi ao Palácio de Belém.
Questionado sobre se iria passar o Natal com o seu filho Nuno Rebelo de Sousa, recentemente envolvido na polémica das gémeas luso-brasileiras tratadas no hospital Santa Maria, o chefe de Estado não respondeu.
Já sobre como vai celebrar o Natal, Marcelo disse que a época festiva já começou “no início da semana” com um jantar com os netos portugueses “que entretanto estavam espalhados por vários sítios na Europa e no Dubai”.
“E depois tem sido às pinguinhas, ‘tiqui, tiqui, tiqui’, porque como tenho tido cumprimentos significa que vai ser praticamente até ao final do ano”, acrescentou.
O chefe de Estado adiantou que, após a ginjinha, ia jantar com o bispo de Setúbal, o cardeal Américo Aguiar, seguindo depois para a missa do galo naquele local.
Escassos momentos depois, entra pela porta da Tasca da Galega o próprio cardeal Américo Aguiar, que perguntou: “Ainda há ginjinha?”, com Marcelo a retorquir “Lá vou eu ter que brindar outra vez”. Marcelo brindou então uma segunda vez, acompanhado do cardeal, “à saúde e à paz, paz, paz”.
O Presidente da República ainda foi questionado sobre se este será um Natal mais triste pelo caso que envolve o seu filho e a polémica das gémeas luso-brasileiras, mas Marcelo respondeu que já teve natais “muito mais tristes”, lembrando a morte do seu pai.
“Natais tristes são natais ligados à morte ou a problemas de saúde muito graves. Depois há natais menos simpáticos, mais simpáticos, menos alegres, mais alegres”, disse.
Nuno e Lacerda: ficaram claras três coisas
Ao início da tarde deste domingo, Marcelo afirmou que o seu filho se reuniu com o então secretário de Estado da Saúde sobre as gémeas que foram tratadas no Santa Maria, porque não o conseguiu através da Presidência da República.
Sem nunca referir o nome do filho, Nuno Rebelo de Sousa, o Presidente da República disse aos jornalistas que acompanhou as últimas notícias em que ex-secretário de Estado da Saúde Lacerda Sales admite ter-se reunido com o filho do Presidente da República sobre o caso das gémeas.
“Eu acompanhei estas últimas notícias e penso que ficam claras três coisas: a primeira é que quem organizou, quem fez esse encontro, essa audiência, essa conversa fê-lo porque não conseguiu chegar onde queria por outro caminho, que era através do Presidente e da Presidência da República, por isso é que foi a seguir tentar outra coisa, porque não tinha obtido aquilo que queria”, disse.
Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que só agora se soube desse encontro, após quatro anos de se ter realizado.
“Eu em particular e tenho muita pena de não ter sabido há quatro anos e tal porque era nessa altura que eu devia ter sabido e não nesta altura, mas isso diz respeito às relações pessoais e é evidente que, pessoalmente, retiro as conclusões de não ter sido dito o que devia ter sido dito o que permitiria intervir para que não tivesse acontecido o que aconteceu”, referiu
Apesar deste caso, o Presidente da República disse que lhe serve de “consolação” que “os portugueses estão firmes, e a sondagem que acabou de sair mostra que mantêm 65% de confiança no Presidente, não trocam o conhecimento do Presidente de há 20 ou 30 anos por dois ou três meses em que tem havido crise política, em que houve muitas notícias e muitas informações contrárias ao Presidente”.
Em entrevista ao Expresso, Lacerda Sales admite ter-se reunido com o filho do Presidente da República, num encontro em que Nuno Rebelo de Sousa lhe falou do caso das gémeas.
Lacerda Sales conta que foi o filho do Presidente da República a pedir uma reunião, “com o objetivo de apresentar cumprimentos”, e que, durante o encontro, falou do caso das duas crianças com atrofia muscular espinhal, que viriam a ser tratadas no Hospital de Santa Maria com um fármaco de dois milhões de euros.
“Disse-me que conhecia duas crianças luso-brasileiras com AME, com perto de 1 ano, e que seria importante fazerem um medicamento até cerca dos 2 anos. Não me deu conta de que haveria um processo paralelo do ponto de vista formal, que tinha havido contactos com a Estefânia, com a Casa Civil, que esse contacto tinha ido para o gabinete do primeiro-ministro e para o Ministério da Saúde”, afirma.
O ex-governante conta igualmente que o filho do Presidente da República lhe perguntou qual seria a amplitude da sua intervenção e que lhe respondeu que “trataria este caso como todos os outros, sem privilégio”.
“Momento muito difícil” na Global Media
O Presidente da República afirmou hoje que tem acompanhado, através da sua Casa Civil, o “momento muito difícil” do Global Media Group (GMG), detentora de “grandes títulos” como o Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF.
“Eu tenho acompanhado também. Tem sido a Casa Civil que tem vindo a acompanhar o que se passa”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa em declarações aos jornalistas, no Barreiro, distrito de Setúbal.
O chefe de Estado adiantou ainda que abordou esse assunto com o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
“Ainda este sábado estive com o senhor ministro da Cultura que me disse que ia haver audições na Assembleia da República pedidas pelos deputados e que ele próprio está a acompanhar a situação”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República afirmou também que se trata de um “momento que aparentemente é muito difícil na vida de um grupo muito prestigiado com grandes títulos”, dando os exemplos do Diário de Notícias, do Jornal de Notícias e da TSF.
“É sintomático que a Assembleia da República, que está com muito trabalho, tenha conseguido encontrar tempo e espaço para poder receber os jornalistas e tratar desse assunto”, disse.
No dia 6 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva da GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.
A Administração do GMG abriu um programa de rescisões por mútuo acordo, para trabalhadores até 61 anos, com contrato sem termo, sendo que as compensações serão divididas por 18 meses, segundo um comunicado interno, divulgado em 11 de dezembro.
Na semana passada, as direções do Jornal de Notícias, TSF, O Jogo e do Dinheiro Vivo apresentaram demissão, na sequência deste processo de reestruturação.
ZAP // Lusa
Ser populista para camuflar deméritos não parece ser grande atributo. Parece ser até uma arma dos fracos.
Conversa. Marcelo Rebelo de Sousa sabe é muito, ou não tivesse a escola toda da advocacia. Vai ficar como o Presidente que não se demitiu e desfez um governo de maioria absoluta, demonstrando o real respeito pelo povo português.
Se eu beber uma ginginha fico sem carta mas, este velho caquético , presidente da nossa Respublica, que não comduz um carro mas sim um país… é na boa, até engraçado!!!