Lacerda Sales confirma encontro com Nuno Rebelo de Sousa

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António Cotrim / LUSA

António Lacerda Sales

Filho do presidente da República pediu para ser recebido pelo secretário de Estado: “Nunca perguntei, deixei-o falar, simplesmente”.

O caso das gémeas passou por António Lacerda Sales, após pedido do filho do presidente da República.

O antigo secretário de Estado da Saúde concedeu uma entrevista sobre o assunto, pela primeira vez.

No jornal Expresso, Lacerda Sales começou por explicar porque não falou antes: “A minha decisão de só agora falar tem a ver com o facto de ter pedido documentação ao Ministério da Saúde para ter uma narrativa no tempo e coerente”.

A seguir, o deputado socialista revelou que soube do processo das gémeas em Novembro de 2019, numa reunião com Nuno Rebelo de Sousa.

Foi o filho de Marcelo Rebelo de Sousa que pediu para ter essa reunião: “Fez o pedido ao meu gabinete, com o objectivo de apresentar cumprimentos, dado que não o conhecia”.

Já na reunião: “Falou-me, factualmente, das duas crianças. Disse-me que conhecia duas crianças luso-brasileiras com AME, com perto de um ano e que seria importante fazerem um medicamento (Zolgensma) até cerca dos dois anos. Não me deu conta que haveria um processo paralelo do ponto de vista formal, que tinha havido contactos com a Estefânia, com a Casa Civil, que esse contacto tinha ido para o gabinete do primeiro-ministro e para o MS. Também não falou que haveria intenção de uma consulta no sector privado ou de, eventualmente, passar para o sector público para poderem ser incorporadas nalgum ensaio clínico”.

Lacerda Sales contou que nunca fez perguntas durante esse encontro com Nuno Rebelo de Sousa: “Nunca perguntei, deixei-o falar, simplesmente” – por isso, nunca percebeu a que propósito o filho do presidente estava a tentar ajudar as crianças.

Mas, ao ouvir o caso, o então secretário de Estado ficou sensibilizado: “Deixe-me dizer-lhe que me apresentou o caso até com muita generosidade e com muito sentido humanista. De tal forma que me sensibilizou a forma como ele me apresentou o caso e perguntou-me qual seria a possibilidade da minha intervenção, a amplitude da minha intervenção neste caso”.

Aí, Lacerda Sales assegurou que o caso iria ser tratado “como todos os outros, sem tratamento de privilégio, como é óbvio”.

Não recebeu qualquer documento, não ficou com “dados nenhuns” das crianças.

E, assegura, nunca ligou ou escreveu e-mail para o Hospital Santa Maria sobre este caso: “Tenho a certeza de que não marquei nenhuma consulta, não fiz nenhum telefonema, não conheço nenhum colega do serviço de pediatria e sou perentório”.

E não se lembra de ter dito à sua secretária para fazer isso, ou de alguém do seu gabinete ter feito esse contacto: “Se for uma intervenção que desconheça, também não tive intervenção”.

Mas pede desculpa do que pode ter acontecido no seu gabinete – e admite ter falado com alguém e não se lembrar – embora o objectivo fosse salvar crianças: “Assumo as responsabilidades do que possa ter ocorrido no meu gabinete, com ou sem o meu conhecimento, e gostaria de pedir desculpa aos portugueses de bem e que percebessem que se alguma coisa ocorreu teve um único objetivo: salvar duas crianças“.

Além disso, António Lacerda Sales lembra que recebeu “centenas de cidadãos comuns que vinham apresentar os seus problemas”.

E “qualquer criança com uma doença rara e fatal que entre num Serviço de Urgência é internada. Não precisaria do favor de nenhum governante”.

Mais tarde, houve novo encontro com Nuno Rebelo de Sousa, embora Lacerda Sales não saiba dizer quando. Mas foi sobre um “assunto completamente diferente”.

Até agora, Lacerda Sales não foi ouvido ou notificado sobre qualquer entidade sobre este processo.

E o ex-secretário de Estado da Saúde não percebe porque só um médico falou até agora: Levy Gomes. “É bom que se pergunte porque é que mais nenhum médico falou publicamente e só falou o médico que nunca teve contacto com estas crianças”.

Se as investigações confirmarem que está inocente, Lacerda Sales poderá seguir para a Justiça: “Tenho instrumentos do ponto de vista penal, porque há difamação, há calúnia, para poder agir. Tenho também instrumentos ao nível cível. A agir e a haver indemnização, será dirigida para a Associação de Atrofia Muscular Espinal”.

ZAP //

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