Marcelo avança hipótese de capital árabe comprar dívida pública

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O Presidente da República avançou, esta quarta-feira, a hipótese de haver capital árabe na compra da dívida portuguesa, o que significará “um estreitamento de relações económicas e financeiras entre Portugal e o mundo árabe”.

“Há capital árabe em empresas chave na economia portuguesa, há capital português que quer avançar investindo em países árabes e por outro lado há, hipoteticamente, a possibilidade de haver capital árabe comprando dívida pública portuguesa e se isso vier a acontecer significa um estreitamento de relações económicas e financeiras entre Portugal e o mundo árabe”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado falava aos jornalistas à saída das Jornadas Árabes, que hoje e na quinta-feira decorrem na Torre do Tombo, em Lisboa.

O Presidente da República destacou que “o mundo árabe tem uma posição económica e financeira em Portugal muito significativa”.

Durante o discurso nas jornadas sobre “Memórias árabes-islâmicas, diálogo entre civilizações”, organizadas pela Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa recordou a recente visita do primeiro-ministro, António Costa, ao Qatar, a “presença de investimento árabe de forma crescente” em Portugal e “a preocupação com levar mais longe o relacionamento financeiro, científico, tecnológico, cultural, social e humano” entre as duas civilizações.

“Ganha Portugal, mas ganha o mundo árabe porque sabe que tem em Portugal um parceiro conhecido pela paz, pela paz política, pela estabilidade institucional, pela paz social, pela segurança, pela previsibilidade, pelo início de uma recuperação económica, pela consolidação das contas públicas e pela preocupação de abertura ecuménica a todos, sem limites, com a tal paciência e persistência que são um traço fundamental da nossa maneira de ser”, enalteceu.

Na opinião do chefe de Estado, “Portugal encontra-se numa posição privilegiada para, no concerto das nações, promover o diálogo entre civilizações, culturas, povos e religiões”.

“Um diálogo urgente, num mundo e num tempo em que ganham expressão as narrativas, as culturas ou inculturas da intolerância, da exclusão, do fanatismo, da ignorância, que não conhecem fronteiras nem limites, provocando a violência e sentimentos de insegurança contra os quais urge lutar”, defendeu.

Para Marcelo, este é um “combate a favor da abertura e não da clausura, em prol do conhecimento e não da ignorância e uma luta a favor de pontes e não de muralhas”.

“Uma luta a favor da paz, alicerçada numa visão humanista do mundo, que é a nossa”, resumiu, sublinhando o empenho de Portugal “na promoção de diálogos”.

A eleição de António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas é também, para o Presidente da República, “a aceitação de um português como um fator de diálogo, de entendimento, de promoção da paz”, sublinhando que “disso mesmo fala ele hoje no Parlamento Europeu”.

“Como é possível sermos vizinhos e não vivermos intensamente essa vizinhança?”, questionou, recordando que uma das primeiras visitas que fez logo no início do mandato foi a Marrocos e revelando que “dentro de poucas semanas” vai receber o chefe de Estado do Qatar, para além de ter “pendentes para o próximo ano vários convites para visitas de Estado a outros países irmãos árabes”.

// Lusa

2 Comments

  1. Era só o que nos faltava. O mundo de facto está em ebulição, a continuar desta forma o “caldeirão mundial” entra em ebulição e não tarda nada transborda. Mas, talvez seja melhor eu estar calada, porque já sou “persona non grata” ´nos meios em que me movimentava. Quero ver qual a finalidade disto tudo.

  2. Se considerar Marcelo intelectualmente honesto, aquilo que ele diz faz sentido. O mundo precisa de paz! Pelo menos da “paz possível” que já vai sendo cada vez menos! Tem de se caminhar no sentido da abertura, do estender pontes e da aceitação da diversidade, com livre circulação de pessoas, mercadorias e ideias, sem dissover as culturas e a memória histórica.

    Mas como eu sempre digo, não coisas boas e coisas más… Há o bem e o mal dentro de cada coisa. Até a abertura e a livre circulação podem ser usadas para o mal. Há uma globalização de Big Brother, orwelliana e kafkiana… Que não é boa e representa o lado mau da Globalização. Mas também há a xenofobia, o medo, a intolerancia, a desconfiança e o isolamento, como expressões do combate à Globalização.

    Cair no lado mau do proteccionismo para fugir às coisas más da Globalização, é tão estúpido ou mais do que cair nas coisas más da Globalização para combater o isolamento e a xenofobia.

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