Petição é dirigida ao Governo para classificar a obra do produtor das “Cantigas de Maio”, de Zeca Afonso. Sendo aceite, o Estado teria de defender, em ações futuras, o património musical do opositor ao regime de Salazar e Caetano.
Nascido em 1942 e falecido em 2019, José Mário Branco foi uma figura emblemática da música portuguesa.
A sua obra é marcada por letras incisivas e composições inovadoras com um papel fundamental na música de intervenção — um profundo compromisso com as questões sociais e políticas do seu tempo.
Segue com mais de 2000 assinaturas uma petição dirigida ao Governo para classificar a obra do produtor das “Cantigas de Maio”, de Zeca Afonso.
Em causa estão as centenas de canções em que o também arranjador e produtor participou, “não só aquelas que José Mário Branco cantou, como também as muitas que compôs e dirigiu para outros artistas”, diz ao Correio da Manhã o musico Vítor Sarmento.
“As novas gerações têm de manter o conhecimento do que foi a obra de nomes como Zeca Afonso e José Mário Branco no plano musical e no que toca à parte cívica, pois foram artistas que colocaram todo o seu talento ao serviço da luta pela liberdade”, recorda Sarmento.
Os temas que compôs com Sérgio Godinho e as parcerias com vários fadistas estão entre os pedidos. Se o Governo aceitar os mesmos, o Estado compromete-se a defender, em ações futuras, o património musical do destacado opositor ao regime de António de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano.
O seu álbum “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades”, lançado em 1971, é considerado uma das obras-primas da música de intervenção em Portugal.
Além da música, o cantor formado em cinema em França envolveu-se em teatro e cinema, unindo a arte com o ativismo durante toda a sua carreira.
O grupo que criou a petição — que pode ser assinada aqui — gostaria que a classificação acontecesse em abril, coincidindo com os 50 anos da Revolução dos Cravos.
Este sábado celebra-se o 25 de novembro de 1975, um dos episódios mais controversos da história recente portuguesa.
O país esteve “muito próximo da guerra civil”, como assegura, em declarações ao podcast do Expresso “A história repete-se”, o coronel Vasco Lourenço que viveu aqueles dias tensos marcados por um ambiente de alta tensão no seguimento da Revolução do 25 de Abril.
O então Presidente da República, General Francisco Costa Gomes, decretou o estado de sítio nesse 25 de Novembro fatídico de 1975.
Esquerda e direita mantêm divergências quanto ao que aconteceu de facto nessa altura, e quanto à comemoração ou não da data.