É uma das poucas mulheres no Vietname a ser condenada à morte por um crime de colarinho branco. Se devolver três quartos do dinheiro é “só” presa. Problema — ainda que seja milionária, não é tão fácil arranjá-lo.
Truong My Lan, é uma magnata vietnamita do sector imobiliário (a Bloomberg chama-lhe “rainha do imobiliário”), tem 68 anos e milhares de milhões de euros de dívidas.
O Tribunal vietnamita concluiu que My Lan controlou secretamente o Saigon Commercial Bank, o quinto maior banco do país, e contraiu empréstimos e dinheiro ao longo de mais de 10 anos, através de uma rede de empresas de fachada, num total de 44 mil milhões de dólares (cerca de 42 mil milhões de euros — 11 mil milhões deles foram desviados), conta a BBC.
Será a maior fraude bancária de sempre, e o Ministério Público considera os crimes de Lan “enormes e sem precedentes”.
Quando foi condenada e sentenciada em abril, era presidente de uma importante empresa imobiliária, o Grupo Van Thinh Phat. Foi um momento alto da campanha anti-corrupção “Fornos Acesos”, liderada pelo então Secretário-Geral do Partido Comunista, Nguyen Phu Trong.
Houve 85 outros arguidos, quatro deles condenados a prisão perpétua, mas a pena para My Lan foi maior — foi condenada à morte, sendo uma das primeiras mulheres vietnamitas a ser condenada a esta pena por motivos deste tipo.
Nasceu na cidade de Ho Chi Minh e foo vendedora numa banca de mercado, a vender cosméticos com a mãe. Começou por comprar terras e propriedades após a reforma económica introduzida pelo Partido Comunista em 1986. Na década de 1990, já era proprietária de uma vasta cadeia de hotéis e restaurantes.
O Banco Estatal do Vietname terá gasto vários milhares de milhões de dólares na recapitalização do Saigon Commercial Bank para evitar uma situação de pânico bancário generalizado.
Agora, o Tribunal garantiu que, caso a magnata conseguisse devolver 75% do dinheiro que desviou (cerca de 9 mil milhões de dólares) a sua pena será reduzida para prisão perpétua.
Os advogados de My Lan garantem que estão a fazer os possíveis para recuperar o dinheiro. No entanto, pediram clemência aos juízes por razões financeiras. Afirmaram que, enquanto estiver condenada à morte, ser-lhe-á difícil negociar o melhor preço para a venda dos seus bens e investimentos.
“O valor total dos seus bens excede efetivamente o montante de compensação exigido”,garantem os advogados.
O Vietname trata a pena de morte como um segredo de Estado. O governo não publica quantas pessoas estão no corredor da morte, embora os grupos de defesa dos direitos humanos digam que há mais de 1000 e que o Vietname é um dos países do mundo que mais usa essa sentença.