Força Aérea sabia há anos que era roubada pela “máfia militar” (e não fez nada)

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Força Aérea Portuguesa / Facebook

Aeronaves EH-101 Merlin e C-295M da Força Aérea Portuguesa

O esquema de corrupção nas messes da Força Aérea era tão elaborado e tão enraizado que o juiz de instrução da Operação Zeus fala em “máfia militar”. O caso foi denunciado no seio da Força Aérea há 8 anos, mas nada aconteceu, e só depois de a PJ ter colocado um “infiltrado” no terreno é que o processo avançou.

O Público apurou que a Força Aérea tinha conhecimento do esquema de sobre-facturação, nas messes das várias Bases militares espalhadas pelo país, há, pelo menos, oito anos.

Esta “máfia militar”, como refere o juiz de instrução criminal do processo, segundo cita o Público, tinha implementado um esquema de sobre-facturação de alimentos, nas messes das Bases Aéreas, com os militares suspeitos a receberem pagamentos com dinheiro em baldes, camarões e champanhe.

O processo conhecido por Operação Zeus foi despoletado em 2014, por uma denúncia anónima, feita por um antigo fornecedor das messes, à Polícia Judiciária Militar, relata o Público.

Mas “durante o ano e meio que a denúncia esteve nas mãos da Judiciária Militar a investigação decorreu a passo de caracol“, atesta o diário, sublinhando que foi preciso a Polícia Judiciária civil intervir para o processo avançar.

A Judiciária recorreu então a um “agente encoberto”, um elemento da Base Aérea de Monte Real que foi abordado para participar no esquema de corrupção. Depois de ter denunciado a situação às autoridades, a PJ usou-o como “infiltrado” na rede para conseguir juntar o maior número de provas possível contra os suspeitos.

“Recebeu envelopes com dinheiro dos fornecedores – mais de 40 mil euros – que fotografou e gravou conversas comprometedoras“, atesta o Público, notando que essas provas são tão cabais e tão fundamentais para a acusação que alguns dos militares detidos não tiveram outro remédio senão confessar os crimes.

O Público apurou também que a Força Aérea teria conhecimento, pelo menos desde 2009, do suposto esquema de corrupção, depois de uma denúncia interna feita por um sargento colocado na Base de Beja. Mas a denúncia não deu em nada.

De acordo com o diário, o processo de investigação ficou a cargo do tenente-general José Maria Pessoa que tinha estado à frente do comando logístico e administrativo da Força Aérea, onde estava colocada a maioria dos arguidos da Operação Zeus.

ZAP //

11 Comments

  1. Como poderiam avançar seja com o que for se qualquer chefe do estado Maior da FAP, comandantes de base, etc, passaram por postos onde controlavam as cantinas? Ou fecharam os olhos ou comeram também!

    • Cantinas?
      Então, comeram também.
      Isso são hábitos tão enraizados tão enraizados que já datam do tempo em que a tropa foi formada, é só perguntar aos antigos militares que foram recrutados pelo menos a partir de 1960 em todos os ramos das forças militares. até nas rações de combate se notavam as diferenças há medida que os anos passavam
      Por que é que pensam,que a guerra colonial durou tantos anos?
      Porque seria que todos os graduados, do general ao sargento se voluntariavam para “comissões de serviço”?
      Para defender a pátria e as colónias do “terrorismo”?
      Quando os “Milicianos” começaram a ser tantos ou mais do que os “chicos lateiros” o 25 de abril foi a única solução para acabar com a mama mas uma vez que os milicianos já não fazem parte das forças armadas, a máfia dos “chicos” voltou (nunca saíu) e sem pezinhos de lã eles aí estão.
      Se pensam que é só na força aérea desenganem-se passa por todos os ramos do exército, da marinha, pela GNR pela Polícia de Seg. Pública. por todo o estado e pior por alguma clique eleita pelo povo e reeleita alguns com 30 anos de reeleição, e “estatuto” de dinossáuro no tripúdio das contas públicas.

  2. Já no meu tempo de tropa obrigatória, 1968, estes senhores dispensava-nos ao meio da tarde diariamente, para receberem os valores dos jantares e não só, para o saco azul. estas receitas dão muito jeito, a alguns militares, e nada mais digo, é melhor ficar por aqui.

  3. Já no tempo de Salazar e Caetano alguns encheram-se bem à nossa conta que comíamos mal em África sem necessidade caso não roubassem e certamente foram muitos desses que participaram no 25 de Abril pois queriam tal como se vai comprovando actualmente ainda melhores benesses e roubar mais facilmente, tudo isto em nada dignifica as FA das quais deveríamos ter orgulho mas pelos vistos infelizmente isso já não é tanto assim.

  4. O Capitão Valentim Loureiro foi expulso da tropa porquê ?
    eu sei eu sei… BATATAS

    Mais tarde passou a Major mas isso é outra estória

  5. Em 1961, numa Base Aérea, o oficia responsável pelas messes foi transferido para uma unidade no Ultramar. Nas messes e no rancho-geral comia-se bem, e o saco azul ficou recheado Depois dele veio um outro “responsável” que minou o sistema, roubou descaradamente, esvaziou o saco azul, montou uma frota de automóveis de aluguer e abastecia do combustível da base, Já lá vão 54 anos …
    Nada a acrescentar!

  6. mais vale tarde do que nunca!!!!….o vicio vem de longe e só nao se pode provar mais corrupçao, porque nao se faria outra coisa neste pais. para alem de que se por acaso os processos fossem parar a secretaria de certos juizes……. acho ate que havia ” fogos de vista” no tribunal.

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