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Macrocilix maia, a misteriosa traça que tem moscas a comer fezes nas suas asas

Macrocilix maia é uma espécie de traça que se destaca pela forma como se camufla dos seus predadores. Nas suas asas vê-se duas moscas a comer excrementos de pássaro.

A natureza nunca falha em surpreender-nos e a Macrocilix maia é apenas mais um exemplo disso. Esta misteriosa e quase desconhecida traça é particularmente especial, já que conta com um único e detalhado mural “pintado” nas suas asas, quase parecendo um quadro de aguarelas.

Apesar dos vários casos de mimetismo em insetos, não há nada como a Macrocilix maia. Enquanto uns parecem camuflar-se de folhas ou paus, esta traça parece ter duas moscas a alimentarem-se de excrementos de pássaro.

A bióloga Antónia Monteiro falou com o ZAP sobre esta misteriosa espécie e realçou o pouco trabalho de investigação que se tem feito à volta dela.

“É bastante rara nos habitats onde vive, embora tenha uma distribuição razoável pelo sudoeste asiático. A investigação em relação à genética do padrão das asas teria que ser feita com uma população de laboratório, que ninguém ainda tentou estabelecer”, disse.

Formada em Zoologia e Ciências do Ambiente na Universidade de Lisboa, Antónia Monteiro é professora na National University of Singapore e também na Yale-NUS College há seis anos. A bióloga portuguesa tem focado muito a sua investigação na evolução e desenvolvimento de padrões de asas de borboleta.

De acordo com o blogue pessoal do entomologista Alex Wild, o fotógrafo Allan Lee colmatou pela falta de trabalho académico feito sobre a traça e garante que esta tem um forte odor, que reforça a ideia do mimetismo das suas asas.

“Acho que se trata de um mimetismo incrível provavelmente direcionado aos pássaros. As moscas são demasiado rápidas para serem presas comuns deles. Esta traça está a sinalizar que não vale a pena tentar atacar, porque as moscas vão escapar ao ataque”, explicou a bióloga.

Esta foi uma das características que advém da evolução da espécie, que se foi adaptando ao ambiente e tentando arranjar mecanismos para contornar os seus predadores.

DC, ZAP //

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