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Lukashenko “nem morto” entrega o país. Milhares pedem a sua demissão

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Tatyana Zenkovich / EPA

O Presidente da Bielorrússia afirmou, este domingo, em Minsk, que “nem morto” permitirá a entrega do país, na primeira manifestação de apoio desde que tiveram início as ondas de protesto popular há uma semana.

“Conseguimos construir um belo país, com as suas dificuldades e falhas. A quem o querem entregar? Se alguém o quiser entregar eu não o permito, nem morto”, disse o Presidente, Alexandr Lukashenko, citado pela agência Belta, a partir de uma tribuna instalada na Praça da Independência.

Vários milhares de pessoas, muitas com bandeiras bielorrussas, reuniram-se, este domingo, na praça em frente à Casa do Governo. Imprensa conotada com a oposição refere que muitos dos participantes do comício foram levados para Minsk em autocarros contratados pelas autoridades.

“Queridos amigos, chamei-vos não para me defenderem, mas também. Vieram para que, pela primeira vez em um quarto de século, defendamos o nosso país, as nossas famílias, as nossas esposas e irmãs, os nossos filhos”, disse Lukashenko.

O Presidente bielorrusso, no poder há 26 anos, e que segundo a Comissão Eleitoral Central do país foi reeleito, a 9 de agosto, com pouco mais de 80% dos votos, rejeitou categoricamente a possibilidade de realizar novas eleições.

“Há tanques e aviões a cerca de 15 minutos de voo de nossa fronteira. As tropas da NATO rangem os rastros dos tanques à nossa porta. Lituânia, Letónia, Polónia e, infelizmente, a nossa amada Ucrânia ordenam que realizemos novas eleições. Se aceitarmos, vamos despencar-nos”, alertou.

Lukashenko sublinhou que a repetição das eleições significaria a “morte da Bielorrússia como Estado e como nação”.

“Eles propõem-nos um novo Governo, já o formaram no exterior, já são dois, mas não acertam quem nos vai governar. Não precisamos de um Governo de fora, precisamos do nosso Governo e vamos elegê-lo“, enfatizou.

Milhares de pessoas pedem demissão de Lukashenko

Em sentido contrário, milhares de pessoas saíram à rua, em Minsk, para protestar contra Lukashenko. A palavra de ordem foi clara: “Demite-te!”.

A agência France-Press noticiou que estavam presentes mais de 100 mil manifestantes, mas a agência Reuters fala em 200 mil pessoas.

Desde o passado domingo que a Bielorrússia é palco de uma onda de protestos contra a reeleição do Presidente, que muitos, incluindo a UE, consideram fraudulenta. Mais de 6700 pessoas foram presas e centenas dos já libertados relataram cenas de tortura sofridas na prisão.

A principal candidata da oposição, Sviatlana Tsikhanouskaya, cujas ações de campanha atraíram multidões de eleitores frustrados com o Governo autoritário de 26 anos, terá obtido apenas 10% dos votos.

Durante a semana, Tsikhanouskaya refugiou-se na Lituânia, de onde lançou um apelo para a realização de “massivas manifestações pacíficas” em todo o país durante o fim-de-semana.

Esta segunda-feira, Tikhanovskaya disse que está pronta para liderar o país. “Estou pronta para assumir as minhas responsabilidades e agir como líder nacional”, declarou num vídeo, referindo que não “queria ser política”, mas que “o destino decretou que estaria na linha de frente diante da arbitrariedade e da injustiça”.

“Aos que acreditaram em mim, que me deram força, hoje admiro a cada minuto a vossa coragem e a vossa auto-organização, que demonstram como são fortes e brilhantes”, acrescentou.

A candidata disse ainda querer “sair deste círculo sem fim” em que o país se encontra “há 26 anos”.

ZAP // Lusa

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