O Presidente da Bielorrússia afirmou, esta sexta-feira, que deixará de liderar o país depois da aprovação das reformas constitucionais, que propôs para acalmar os protestos que se sucedem desde as Presidenciais de agosto.
“Não estou a fazer uma Constituição à minha medida. Com a nova Constituição já não servirei como Presidente“, declarou Alexander Lukashenko durante a visita a um hospital onde são tratados doentes com o novo coronavírus, citado pela agência BELTA.
O chefe de Estado, declarado vencedor das eleições Presidenciais de agosto, consideradas fraudulentas pela oposição e pelo Ocidente, criticou os contestatários que “atacam o Presidente e a vertical do poder” no país.
Lukashenko, eleito para um sexto mandato presidencial, defendeu que “a vertical do poder” existente na Bielorrússia é a coluna que permitiu evitar o colapso do país.
O Presidente disse igualmente que o país possui uma “Constituição muito importante”, tal como o Cazaquistão e a Rússia. “Somos três Estados avançados que têm uma Constituição importante, na qual tudo depende da decisão do Presidente”.
As alterações constitucionais devem conduzir a uma lei fundamental “benéfica para o país”, mas o seu objetivo não é trazer “mais democracia”, declarou.
No entanto, o chefe de Estado não deu qualquer prazo para que estas reformas constitucionais aconteçam e, recorde-se, não é a primeira vez que fala nelas.
A oposição qualificou a proposta de Lukashenko de “imitação de democracia”, considerando que o Presidente apenas está a tentar prolongar o seu poder e desviar a atenção das “eleições roubadas”.
Segundo o jornal Público, Lukashenko fez estas declarações um dia depois de se ter encontrado com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, que o pressionou a iniciar o processo de revisão constitucional para apaziguar a situação no país.
A oposição continua a organizar manifestações todos os fins-de-semana para exigir a demissão imediata do chefe de Estado. E Bruxelas já está a preparar um novo pacote de sanções económicas, em resposta à repressão das autoridades aos protestos.
Bruxelas já impôs o congelamento de bens e a proibição de entrada em território europeu a mais de 50 figuras do regime bielorrusso, incluindo o próprio Presidente Lukashenko.
ZAP // Lusa