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Luís Monteiro, candidato do BE a Gaia, nega acusação de violência doméstica e diz ser a vítima

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Luís Monteiro / Facebook

Luís Monteiro, deputado do Bloco de Esquerda

Luís Monteiro está a ser acusado de violência doméstica, num caso que remontará a 2015. A denúncia foi feita pela alegada vítima, Catarina Alves, nesta terça-feira.

Tudo começou com uma denúncia feita pela alegada vítima, Catarina Alves, no Twitter. Na publicação, que acusava o deputado do Bloco de Esquerda e candidato do partido à Câmara Municipal de Gaia de violência doméstica, lia-se que protegeu o nome do “agressor” para não perder amigos.

“Andei a proteger o meu agressor para não perder amigos. Que grande burra. Homens ficam do lado de homens sempre”, lê-se na publicação feita na noite desta terça-feira pela alegada vítima e ex-namorada do deputado bloquista.

Nas publicações seguintes, Catarina Alves diz ter sido descredibilizada no passado e avança alguns detalhes sobre a alegada agressão física da qual foi vítima. “As lágrimas são só por não ter entrado na esquadra no dia em que fiquei à frente dela com o corpo marcado de cima abaixo, acaba de escapar duma quase morte.”

A Sábado avança que os rumores da existência de um caso de violência doméstica que o partido teria tentado abafar começaram a espalhar-se pelo Twitter no dia 25 de abril e resultaram na desfiliação de vários alegados militantes do Bloco de Esquerda.

“Conheço pessoas que estão nessa cúpula que não o fariam e que me quiseram apoiar num primeiro momento. Pessoas que sei que só não fizeram mais porque eu própria deixei o caso cair, quando começaram a ser criadas narrativas contra mim”, disse Catarina Alves, em declarações ao Público.

A alegada vítima afirmou ainda que a relação “começou a ficar violenta ainda antes do verão”, antes da eleição de Luís Monteiro à Assembleia da República, e contou ao diário um episódio especialmente violento.

“Tivemos uma discussão a caminho de casa dele, que se tornou violenta a partir do momento em que chegamos lá. O Luís deu-me pontapés no corpo todo, cuspiu-me, arrastou-me pelos cabelos pela casa, deu-me estalos e perseguiu-me pela casa. Não sei quanto tempo isto durou, pareceu-me uma hora ou mais, mas foi provavelmente muito mais breve”, começou por detalhar.

“Terminou quando ele agarrou numa estatueta, quando eu estava caída no chão, e a apontou à minha cabeça. Foi só aí que percebi que o perigo em que estava era real. E foi também aí que ele percebeu o que estava a fazer e parou”, acrescentou.

Catarina Alves terá ponderado ir à polícia, mas disse não ter tido coragem, “principalmente por acreditar que isto iria ser uma situação isolada”.

Na altura militante do Bloco de Esquerda, a alegada vítima disse, ao Público, que receou colocar o partido xeque num dos momentos “mais importantes desde a sua criação”, no mesmo ano em que se formou a geringonça.

Ainda assim, afirmou que “múltiplas pessoas dentro do Bloco de Esquerda souberam o que ele fez”.

Deputado diz-se “vítima de agressões sucessivas”

Esta madrugada, Luís Monteiro reagiu às acusações de violência doméstica, com um comunicado publicado nas redes sociais. “Nunca agredi a mulher em causa, que foi minha namorada de fevereiro a outubro de 2015, e nunca agredi qualquer mulher. Condeno qualquer ato de violência, mas sobretudo este tipo de violência”, lê-se.

O deputado, eleito em 2015, prossegue e afirma ter sido ele a vítima das agressões. “Nos meses em que tive esta relação fui vítima de agressões sucessivas, violência verbal, ameaças e fui sujeito a um processo do qual não saí ileso”, escreveu.

“Jamais contaria o que me aconteceu se não fosse obrigado e felizmente, entre tantos factos infelizes, tenho a sorte de ter várias testemunhas que presenciaram o que relato e que me apoiaram em vários momentos em que precisei”, acrescentou o bloquista, alegando ainda existirem relatos semelhantes de outros homens em relação à mesma mulher.

“Lamento profundamente tudo o que está a acontecer; pelos meus camaradas, pela Catarina Alves e porque admito que seja um problema que não domina, por mim, por todas as mulheres que estão a viver processos de exposição dolorosos que não deveriam ser misturados com este”, lê-se na mesma nota.

O combate à violência doméstica é uma das bandeiras do Bloco de Esquerda. O partido mantém-se, para já, em silêncio.

Liliana Malainho, ZAP //

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