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Câmara de Lisboa defende fim do financiamento público às touradas

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A Câmara de Lisboa defendeu hoje a criação de legislação que impeça o financiamento público de espetáculos que “causem sofrimento animal”, salientando que as touradas incluem “atos de violência”.

Numa moção “pelo fim de espetáculos com sofrimento animal”, apresentada pelo vereador do BE (partido que tem um acordo de governação da cidade com o PS), Manuel Grilo, é referido que a Câmara de Lisboa insta “o Governo e a Assembleia da República a adotar legislação que não permita o financiamento público de eventos que causem sofrimento animal”.

Este ponto da moção foi aprovado com os votos favoráveis de BE, PS e PSD e os votos contra do PCP e do CDS-PP.

O segundo ponto da moção que defendia a implementação de medidas de reconversão dos espaços onde habitualmente se realizam esses eventos em espaços multifunções, com capacidade para acolher espetáculos culturais e desportivos ou “outros que não envolvam sofrimento animal”, foi rejeitado, tendo tido apenas os votos favoráveis do BE e da vereador Paula Marques (Cidadãos por Lisboa, eleita nas listas do PS).

No texto é recordado que, apesar de a lei de ”proteção animal” prever que “são proibidas todas as violências injustificadas contra os animais, considerando-se como tais atos consistentes em, sem necessidade, se infligir a morte, o sofrimento cruel e prolongado ou graves lesões a um animal”, a mesma legislação considera “lícita a realização de touradas”.

Recentemente, lê-se ainda no texto, cerca de 1.800 membros do setor tauromáquico escreveram uma carta aberta à ministra da Cultura a solicitar a descida do IVA de 23% para 6%, alegando que esta atividade “faz parte do ADN Português”, “algo que é evidentemente questionável face aos números de espetadores deste tipo de espetáculos, especialmente evidente no caso da cidade de Lisboa”.

“Com a pandemia da covid-19, todos os eventos tauromáquicos foram suspensos, tendo o setor reivindicado o retorno urgente deste tipo de eventos para garantir a sua subsistência, sabendo-se que a subsistência deste setor é garantida através de financiamento público direto e indireto, o que é incompreensível”, é referido.

Na moção é defendido que “o erário público não se deve constituir como fonte de financiamento para atividades que não cumpram orientações internacionais e da legislação nacional, com a agravante destas atividades se constituírem como uma alegada fonte de divertimento e gerador de lucro”.

No documento é citada uma sondagem da Universidade Católica, realizada há dois anos no concelho de Lisboa, em que 75% dos inquiridos disse ser contra a utilização de dinheiros públicos para financiar ou apoiar as touradas e 64% afirmou não concordar com o apoio da autarquia à realização de touradas no Campo Pequeno.

“A realização de touradas não deve fazer parte do novo normal. Este é um ótimo momento para salvaguardarmos o bem estar animal”, disse Manuel Grilo à Lusa, defendendo que “os dinheiros públicos, que tanta falta fazem neste momento delicado de pandemia, não devem ser fonte de financiamento de atividades que não cumprem orientações internacionais quanto ao bem estar animal”.

// Lusa

7 Comments

  1. Só posso aplaudir tal medida. Sem duvida que muito mais contente estaria, se tive-se sido tomada a decisão pura e simples de proibir este “espectáculo” retrogrado e sádico !….. mas enfim é já um passo para nos tornarmos mais civilizados !

  2. Eu não gosto de touradas! Eu não gosto da nova ditadura do gosto! Eu não gosto destes novos ditadorzecos que confundem o seu umbigo com liberdade! Eu não gosto dos tempos que vivemos, em que meia dúzia de supostos defensores de tudo e todos se arrogam no direito de me dizer aquilo que devo fazer ou não! Eu sou livre, sempre serei livre! Não permito que me digam aquilo que é bom ou mau. Essa é uma escolha minha. Só minha! Não imponho nada a ninguém, não permito que me imponham nada a mim. E este é o princípio basilar das sociedades democráticas: cada um, respeitando todos os outros, tem o direito de pensar, agir, gostar, não gostar, fazer, não fazer o que quiser. Imposições ignorantes de gente que se acha dona da verdade absoluta apenas terão um efeito: destruição da democracia e abertura de espaços imensos que serão ocupados por extremismos demasiado perigosos. Aliás, estes “sábios” defensores de tudo e todos, não são eles mesmos tiranecos em potência?

    • Porquê generalizar ?????…. Este artigo trata de um tema bem definido, que é a tauromaquia, ou seja a abjecta actividade que consiste em tortura Animal por o simples prazer de alguns Sádicos. Matamos, sim…para nos alimentarmos, mas torturar Animais por prazer, é simplesmente desprezível e decadente. “Tiranecos” são os que torturam não os que condenam. Goste ou não goste, é esta a pura verdade que sempre apontarei !

  3. Ó Atento, eu acho que se devia tornar vegan. Olhe que os animais sofrem muito para o senhor os poder saborear no prato. Já viu as condições em que vivem as aves, nos aviários? Em gaiolas, sem espaço para se voltarem, para depressa ganharem peso e toxinas,comendo os dejectos que caiem das gaiolas de cima ! Já viu a forma como os porcos e as vacas são transportados para os matadouros?! Não será isto também uma forma de tortura? Não devemos pôr em causa uma arte secular, que faz parte intrínseca da nossa cultura, e que não pode acabar assim de um dia para o outro! Aliás os touros existem só porque existe tauromaquia, foi uma raça apurada para este efeito! Eu não sou aficionada, mas há quem seja e eu tenho que admitir que essas pessoas possam continuar a gostar de touradas! Quem sou eu para lhes dizer que não?

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